Vivian Oswald

Em 2024, o Brasil lidera o G20. Os detalhes dessa liderança estão nesta cobertura especial

G20 no Brasil

O grupo de engajamento Women 20 (W20) divulgou seu “communiqué" nesta terça-feira (1/10) no Rio de Janeiro. O documento conclui que a promoção da igualdade de gênero é essencial para o crescimento econômico sustentável e o fortalecimento da resiliência dos países do G20. Estima que a equidade no empreendedorismo aumentaria o PIB global em até 6%, ou US$ 5 trilhões à economia mundial. Para que esse potencial seja alcançado, destaca que as mulheres precisam de maior acesso a financiamento e capital.  Entre as recomendações, está a criação de instrumentos financeiros que engajem bancos comerciais, instituições públicas e multilaterais, além de investidores e empresas de tecnologia financeira (FinTech).
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O documento também fala na inclusão da educação financeira e digital em programas voltados ao público feminino, e defende a facilitação da participação das mulheres em mercados nacionais e internacionais por meio de políticas públicas de compras sensíveis ao gênero.
O relatório pede incentivos fiscais para investidores que apoiem mulheres empreendedoras, como deduções tributárias, créditos e co-contribuições governamentais. E afirma que a chamada economia do cuidado representa 9% do PIB global, com uma estimativa de US$ 11 trilhões em valor agregado, quando incluído o trabalho não remunerado.
Nos campos STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), o W20 reconhece que a lacuna de gênero, sobretudo em áreas como Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Inteligência Artificial (IA), é um dos principais obstáculos ao crescimento econômico inclusivo. Somente 35% das matrículas globais em cursos de ensino superior em STEM são de mulheres, o que limita o aproveitamento de seu potencial econômico e a sua participação em áreas estratégicas para o futuro do trabalho.
O W20 também faz um forte apelo por uma abordagem de justiça climática sensível ao gênero, porque as mulheres, particularmente em contextos de pobreza e vulnerabilidade, são mais afetadas pelos desastres ambientais. Segundo o comunicado, elas representam 80% das vítimas de desastres climáticos.
Como os países do  G20 são responsáveis por 75% das emissões globais de gases de efeito estufa, o documento destaca a importância de integrar uma perspectiva de gênero em todas as estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. As recomendações incluem financiamento climático justo em termos de gênero, com apoio direto a projetos liderados por mulheres, especialmente aqueles que visam à adaptação e resiliência em comunidades que dependem de recursos naturais.
O combate à violência contra mulheres e meninas está destacado como quinto eixo, e como prioridade urgente. O impacto econômico da violência de gênero é estimado em 3,7% do PIB global, devido a custos associados à assistência médica, a processos judiciais e à perda de produtividade.
Entre as medidas recomendadas nesta área, estão o desenvolvimento de políticas e legislações que garantam a proteção das mulheres, a prevenção de feminicídios e o combate à violência facilitada pela tecnologia. Além disso, o W20 pede maior investimento em programas educativos que abordem normas sociais prejudiciais e promovam a igualdade de gênero desde a infância, bem como a coleta sistemática de dados nacionais sobre feminicídio e violência de gênero, para que sejam desenvolvidas políticas públicas mais eficazes.
O comunicado do W20 foi elaborado por 130 delegadas das 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia (UE) e União Africana e entregue a autoridades brasileiras.
Criado em 2014 durante a presidência da Austrália, o W20 busca recomendar políticas e compromissos para serem adotados pelos líderes do G20. O Brasil participa do W20 desde 2017.

[TEMPLATE] Cobertura G20 (2)

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JOTA

Estima-se que a equidade no empreendedorismo aumentaria o PIB global em até 6%, ou US$ 5 trilhões à economia mundial

W20 pede acesso a financiamento para empreendedoras e isenção para empresas que as apoiem

Este conteúdo integra uma cobertura especial do JOTA, que mantém independência editorial na produção das reportagens. O apoiador participa da escolha dos temas