
O governo brasileiro repudiou os ataques racistas que o jogador do Real Madrid Vinicius Junior “vem sofrendo reiteradamente na Espanha”. Em nota, considerou o último episódio inadmissível e instou as autoridades governamentais e esportivas da Espanha, além da Fifa e da liga, a tomarem medidas a fim de gerar punição e evitar a recorrência desses atos. A embaixadora espanhola no Brasil, Mar Fernández-Palacios, será convocada pelo Itamaraty para prestar explicações sobre caso. Trata-se de um gesto diplomático para sinalizar descontentamento.
“Tendo em conta a gravidade dos fatos e a ocorrência de mais um inadmissível episódio, em jogo realizado ontem, naquele país, o Governo Brasileiro lamenta profundamente que, até o momento, não tenham sido tomadas providências efetivas para prevenir e evitar a repetição desses atos de racismo. Insta as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos. Apela, igualmente, à FIFA e à Liga a aplicar as medidas cabíveis”, diz trecho da nota.
No último domingo (21/5), o jogador se revoltou com o fato de a torcida do Valencia xingá-lo de “macaco”. O jogo chegou a ficar paralisado e no fim da partida, após um desentendimento com o goleiro Mamardashvili, Vini foi expulso. Em seu perfil no Instagram, o jogador reclamou da postura da LaLiga, responsável pelo torneio, e disse que sua expulsão foi um “prêmio por sofrer racismo”.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam”, disse o jogador no Instagram.
Nesta segunda-feira (22/5), o Real Madrid se posicionou contra episódio de racismo e afirmou que acionou a Procuradoria-Geral do Estado por crime de ódio e discriminação. Em nota, o clube ressaltou que “esses fatos constituem um ataque direto ao modelo de convivência de nosso Estado social e democrático de direito”.
Cooperação
Na nota, o governo brasileiro diz que “tem atuado em cooperação com o Governo da Espanha para coibir, reprimir e promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes e imigrantes ao esporte com total intolerância a toda e qualquer prática discriminatória, com o apoio ao aperfeiçoamento das melhores práticas internacionais para promover a prevenção e o combate ao racismo, além de qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes”.
O texto é assinado pelos Ministérios do Esporte; da Igualdade Racial; das Relações Exteriores; da Justiça e Segurança Pública; e dos Direitos Humanos e da Cidadania.