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Alumínio pode impulsionar redução da pegada de carbono da indústria nacional

Alta reciclagem no Brasil e cadeia menos poluente do que a média global colaboram para transição para economia sustentável

Foto: Unsplash

A busca por processos produtivos capazes de mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE), como o gás carbônico, se torna mais urgente na medida em que a crise climática já cobra um preço alto – basta observar o aumento de eventos extremos, de chuvas torrenciais a queimadas duradouras, em diferentes regiões do planeta. 

Enquanto alguns setores ainda patinam no esforço para reduzir sua pegada de carbono, em outros a transformação já está mais avançada – o que é capaz de gerar lições sobre como o consumo mais consciente e ordenado de recursos naturais e a economia circular podem atuar para, de fato, reduzir a pegada de carbono. 

Um dos caminhos para essa redução é justamente a reciclagem. O Brasil já é uma referência no assunto. No ano passado, 59% do metal consumido veio da reciclagem, contra uma média mundial que não chega a 30%, o que mostra a alta circularidade do material e uma vantagem competitiva global, segundo acompanhamento da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL).

Isso é resultado de investimentos do setor para manter uma rede própria de coleta e modernizar as fábricas de reciclagem. Assim, em 2022, o país atingiu o recorde histórico de 100% de reciclagem das latas de alumínio para bebidas, o que equivale a um volume de 390,2 mil toneladas de metal. Esse reaproveitamento de recursos evita emissões para a produção de novos insumos, por exemplo. 

“O Brasil foi pioneiro nesse campo na década de 1990. com a indústria criando seus próprios sistemas de coleta. É uma indústria entusiasta da economia de baixo carbono e vem investindo em diversas iniciativas para impulsionar a redução de suas emissões”, diz Janaina Donas, presidente executiva da ABAL. 

Nessa linha, a descarbonização começa com processos mais ambientalmente otimizados desde a extração da bauxita (rocha que dá origem ao alumínio), passando pela produção do alumínio primário até chegar à reciclagem. 

A intensidade carbônica do alumínio brasileiro – quantidade de emissões de dióxido de carbono (CO²) por tonelada de alumínio primário produzido – fica entre 4,5 e 6,5 toneladas, frente a uma média global de 16 toneladas de gás carbônico por tonelada do insumo. 

Na produção de alumínio primário, que concentra 60% das emissões do setor, a vantagem da indústria brasileira é a utilização da energia hidrelétrica e outras fontes renováveis”, comenta Donas, presidente da ABAL.

O Brasil tem empresas que atuam em todos os elos da cadeia certificados pela Aluminium Stewardship Initiativa (ASI), que avalia padrões de gestão ambiental, social e de governança da produção de alumínio. “A rastreabilidade de toda a cadeia, da extração, produção primária do metal, utilização e, por fim, a reciclagem é um diferencial competitivo importante que atesta a contribuição do setor para descarbonizar a economia”, comenta a executiva. 

Alumínio para descarbonizar toda a indústria 

Apesar desse posicionamento, para melhorar os resultados desse setor em relação aos impactos ambientais positivos, ainda seria preciso ultrapassar alguns obstáculos do cenário brasileiro. 

O consumo doméstico do alumínio, em substituição a outros materiais com menor nível de reciclagem, está abaixo do nível global, por exemplo. Melhorar esse indicador passaria por o consumidor ter mais clareza sobre a pegada de carbono reduzida do material – optando por produtos embalados em alumínio, o que seria capaz de mobilizar setores da indústria para atender a essa demanda. 

O potencial do insumo em aumentar a circularidade de diversos setores da economia também tem espaço para ser mais explorado no Brasil. Além da alta versatilidade do alumínio, atributos como leveza, resistência mecânica e durabilidade são importantes e poderiam colaborar para ampliar os usos do metal, destaca Janaina Donas.

“Na construção civil, por exemplo, vemos um espaço enorme para crescer. Perfis e esquadrias de alumínio não oxidam, diferentemente de outros materiais mais utilizados nas construções. No setor automotivo, o metal torna veículos mais leves e economicamente mais eficientes no consumo de energia”, por exemplo. 

De modo geral, considerando as diversas aplicações, hoje, a média de consumo per capta global é de 22,5 quilos de alumínio. No Brasil, é de apenas 7,5 quilos por habitante.

“O consumo ainda é baixo em parte por falta de informação sobre as vantagens do metal e seu valor para o meio ambiente, quando o alumínio deveria ser o material de escolha”, avalia Donas. Assim, o alumínio nacional pode ajudar na redução da pegada de carbono de outras indústrias brasileiras, das mais diversas áreas – desde a alimentação nos lares até a construção civil. 

Essa é uma percepção global. No início de julho, a União Europeia adicionou o alumínio na lista de materiais essenciais para atingir as metas de reciclagem do bloco, essenciais para a transição para uma economia de baixo carbono. Com isso, o material é indicado para ser mais usado pelas cadeias produtivas. 

Nos Estados Unidos, também neste ano, foi dado um passo recente no mesmo sentido. De acordo com análises do Departamento de Energia americano, o alumínio será crítico para a indústria de manufatura e para descarbonização da economia, por isso ele deve ser priorizado no desenvolvimento de políticas públicas verdes. 

Aumento da produção para acompanhar demanda

“A indústria de alumínio investe para acompanhar o aumento esperado da demanda global”, confirma. Isso é visível na fila de projetos em execução até 2025: os investimentos chegam a R$ 30 bilhões em várias frentes, segundo a ABAL. 

Há ainda projetos para a expansão das reservas de bauxita, com o Brasil ocupando a quarta maior reserva do mundo, e na expansão da capacidade de produção do alumínio primário. 

O Brasil já teve a sexta maior produção global de alumínio, porém, em 2014, caiu para o 15º lugar. Desde 2022, com a retomada da capacidade produtiva no país recuperou a autossuficiência do metal. Com novos investimentos e projetos em andamento, o setor de alumínio tem expectativa de subir para 9ª posição no ranking global.  

“Além de não sermos mais dependentes da importação de alumínio primário, temos um produto altamente competitivo, temos condições de crescer para também atender a demanda interna crescente e nos reinserir na cadeia global”, completa a presidente da ABAL.