Em 2020 o JOTA resolveu apostar na agilidade e criar um time interno de Tecnologia. Antes, dependíamos da parceria com fornecedores para conseguir desenvolver nossos produtos. A partir dessa estratégia, um time multidisciplinar foi montado e eu, no papel de Agilista, entrei em janeiro para começar a estruturar os processos ágeis do time.
Entrar no JOTA foi algo novo para mim, uma vez que é a primeira startup na qual trabalho. Eu tinha um histórico de atuar em grandes consultorias e clientes, em que a pressão é muito grande e o formato de trabalho não é muito “humanizado”. Aqui, finalmente, consegui aplicar ferramentas e técnicas da gestão 3.0, no qual o foco é fundamentalmente nas pessoas, mais do que nos processos e ferramentas.
A abertura e transparência do JOTA, mesmo antes de a agilidade ser adotada, foi fundamental para ter um ambiente propício para que pudéssemos testar e validar hipóteses. Vivemos um contexto em que errar faz parte, pois estamos aprendendo e sempre em conexão com o que faz sentido para nossos clientes.
Scrum, Kanban e foco no delivery
Começamos a montar um time multidisciplinar formado por pessoas desenvolvedoras, cientistas de dados, designers de produto, product owner e analista de testes e qualidade. A ideia era deixar a etapa de delivery redonda ao priorizar as entregas de produtos.
Nesse momento, apareceu o nosso primeiro desafio: uma squad única precisaria dar conta de trabalhar no desenvolvimento de novos produtos de inteligência artificial e, ao mesmo tempo, manter a Operação funcionando.
Para atuar na frente de Operação, utilizávamos o Kanban, que proporciona muito mais liberdade por meio de um método evolucionário. Aos poucos, fomos adaptando o board e incrementando o fluxo para fazer sentido para o nosso trabalho.
Criamos frentes para cada produto, uma vez que nem todas as pessoas estariam envolvidas em todos os produtos, mas a complexidade foi se apresentando como uma realidade para nós.
Mesmo com esse desafio, todas as pessoas do time sempre se demonstraram muito envolvidas e engajadas para realizar as entregas da melhor forma e em busca da melhoria contínua em nossos processos.
As cerimônias de retrospectivas passaram a ser o ponto alto de cada sprint e, mesmo no modelo remoto, conhecer mais cada um passou a ser determinante para o entrosamento e a confiança entre as pessoas.
A primeira design sprint para iniciar o processo de discovery
Com a etapa de delivery rodando bem, foi necessário começar a estruturar um processo de discovery. A partir de uma primeira design sprint online, em plena pandemia, fizemos com sucesso a validação de uma ideia de aplicativo.
A dinâmica durou 5 dias, mas teve que ser adaptada para o nosso contexto e disponibilidade de todos os stakeholders. De qualquer forma, as pessoas participaram ativamente e estiveram focadas todos os dias para conseguirmos chegar ao final da dinâmica com a validação da ideia.
Foi a primeira vez que um momento assim foi criado no JOTA, principalmente, envolvendo tantas pessoas de áreas diferentes para pensar em uma solução em conjunto. Foi um trabalho muito divertido e rico!
User Research
Em meio a todas as ações de discovery e delivery, mesmo antes de a agilidade entrar no JOTA pela porta da frente, as conversas com usuários sempre foram muito presentes.
No papel de Agilista, tive o privilégio de ajudar a tracionar os feedbacks constantes com as personas e propor melhorias para deixar o fluxo mais estruturado. Passamos a registrar todos os feedbacks em relatórios mensais, inspirados no formato de Atomic Research, que são compartilhados com toda a empresa, com o objetivo de todos saberem como os conteúdos e trabalho que cada um faz no dia a dia ajuda o cliente na ponta.
Passamos a convidar o time de Tecnologia e Ciência de Dados para participar das conversas com os clientes. É fundamental todos entenderem as dores e necessidades das pessoas para conseguir gerar uma empatia e criar produtos incríveis.
Esse é um ponto forte da squad do JOTA: ela não cai nos silos. Mesmo sendo composta por três grandes áreas: Labs, Produtos e Tecnologia, todos sempre participam das decisões de forma conjunta.
JOTA Talks
Outra iniciativa que surgiu após uma retrospectiva do time foi criar momentos para as pessoas compartilharem conhecimento com todos da empresa. Chamamos essa ação de JOTA Talks, que conta com convidados internos e externos para falar de diversos temas que potencializam o nosso trabalho e indicam possibilidades inovadoras para nos inspirarmos.
Até agora já fizemos 15 JOTA Talks gerais (abertos para toda a empresa) e 8 JOTA Talks focados nos temas mais técnicos para a squad. Esses encontros têm sido muito energizantes e proporcionam um ciclo contínuo de ensino e aprendizagem interna.
Mentoria
Iniciei um processo de mentoria com algumas pessoas da empresa para ajudá-las a refletir um pouco mais sobre a própria carreira e a importância de manter uma recorrência semanal, quinzenal ou mensal para analisar a evolução das metas.
Não basta ter um plano, é preciso seguir as ações planejadas e se adaptar à realidade para que o crescimento seja orgânico. Precisamos ser protagonistas da nossa própria carreira, sem depender completamente dos líderes para isso.
Os encontros de mentoria são ótimos para criar um espaço seguro para compartilhar pontos fortes e fracos e identificar o que deve ser priorizado para melhoria no curto, médio e longo prazo.
Business Agility
Ter uma estrutura preparada para atuar de maneira adaptativa e melhor atender os objetivos estratégicos é fundamental no mundo complexo em que vivemos. As empresas que não se adaptam, morrem.
Como Klaus Leopold já deixou claro em seu livro “Repensando a Agilidade: Por que os Times Ágeis não têm nada a ver com business agility”:
“A agilidade de uma organização não é criada juntando um monte de times ágeis. A agilidade é criada quando as interações entre os times são ágeis.”
Por aqui, estamos no início de uma jornada de business agility começando a atuar com os times de vendas e marketing. Muita coisa boa vem acontecendo nesse processo, mas isso é papo para um próximo texto… ;)