Felipe Seligman

A crise brasileira e constantes escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato estão transformando o trabalho de advogados brasileiros, que agora passaram a lidar com investidores mais sofisticados e processos de due diligence mais profundos e complexos.
A conclusão é de advogados e investidores brasileiros que discutem, na manhã desta sexta-feira (31/03), na Universidade de New York em evento da Brazilian Legal Society da NYU Law School, os desafios e oportunidades de investir no Brasil.
Veja abaixo o vídeo do evento "What lies behind: a legal and economic analysis of Brazil’s future" (O que está por trás: uma análise jurídica e econômica do futuro do Brasil):
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“Quando a revista The Economist publicou a capa com o Cristo Redentor decolando, todo mundo queria investir no Brasil, procurar uma oportunidade, mesmo aqueles que não conheciam o país. Agora, os investidores possuem maior sofisticação, conhecem o Brasil e, por isso, se preocupam mais em entender exatamente no que estão investindo”, disse Gabriela Falcão Vieira, sócia do escritório Machado Meyer.
Responsável por fusões e aquisições, ela conta que os processos de diligência não estamos mais restritos a análises de documentos, acordos ou riscos materiais. “Olhamos os riscos relacionados à relações dos envolvidos no processo com autoridades públicas, quem são so principais clientes, dá onde vem o dinheiro. O processo mudou completamente”, completou.
Os motivos dessa mudança de processo são bem explicados por Jonathan Mendes de Oliveira, da Cleary Gottlieb. Para ele, o investidor está ciente das características do capitalismo brasileiro, que promove pacotes de incentivos setoriais e de produtos, além do financiamento estatal promovidos por bancos públicos de desenvolvimentos, como o BNDES, e também acompanha atentamente investigações criminais.
“Hoje, o investidor que quer investir no Brasil está fazendo uma série de perguntas: Por quê essa empresa está tão bem sucedida? Está envolvida em algum caso de corrupção? Pagou propina para conquistar contratos? Ou então, qual o motivo de tal setor está indo tão bem? Existem benefícios ou subsídios governamentais”, afirmou Oliveira.
Responsável pela área de Risco do BTG Pactual, André Fernandes Lopes Dias, por sua vez, argumentou que boa parte das oportunidades no Brasil estão em setores altamente regulados (estradas, aeroportos, usinas hidrelétricas), nos quais a relação com agentes governamental é necessária. “Seria melhor se uma única entidade governamental concentrasse a relação, mas isso não é o caso”, diz, argumentando que fica ainda mais complexo quando qualquer relação é vista como suspeita. “Hoje, o investidor precisa ser ágil em identificar os sinais de fumaça e separar”. Para Dias, no entanto, é preciso separar o que é crime e o que é legítimo, para não colocar todo mundo na mesma situação.
O evento apresentará painéis com participação de escritórios de advocacia brasileiros e americanos, como Demarest, Mattos Filho, Machado Meyer e Gibson Dunn, para tratar de desafios regulatórios e combate à corrupção no Brasil. O ex-presidente do Banco Central do Brasil Armínio Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos, será o principal palestrante do evento, aberto pelo vice-diretor da faculdade de Direito da NYU, Kevin E. Davis.
Armínio abordará os desafios econômicos e regulatórios brasileiros, assim como as reformas econômicas.

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JOTA

Realizado pela Brazilian Legal Society, evento reúne escritórios do Brasil e EUA e Armínio Fraga

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