Luis Viviani

As perspectivas para a advocacia em 2017 são desafiadoras na visão de Marcos Flesch, sócio do Souza, Cescon, Barrieu &amp; Flesch Advogados, especialista em societário e governança corporativa/fusões e aquisições e private equity. 

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Isto porque o advogado ganhou um novo papel, acrescido àquele tradicional.
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“Além de deter o conhecimento técnico de excelência, passou-se a zelar pela reputação corporativa. Além do aspecto ético, questões como o respeito ao meio ambiente e à sustentabilidade social se incorporaram à governança corporativa, requerendo que os profissionais estejam bem informados não apenas na questão técnica, mas na compreensão do ambiente de negócios, em especial em relação às demandas do cliente e dos demais stakeholders envolvidos com aquele negócio”, explicou.
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De acordo com Flesch, para 2017 a visão do advogado deve ser cada vez mais técnica e estar sempre em sintonia com a estratégia do negócio demandado pelos clientes.
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“Trata-se de uma visão estratégica em que o advogado atua como representante de interesses. Ademais, várias iniciativas do governo, como a reforma trabalhista, a terceirização e a proposta de novas concessões e possíveis privatizações que poderão ocorrer, são sinais de boas perspectivas para o país”, disse.
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Leia a íntegra da avaliação dos advogados sobre o ano de 2016 e as perspectivas para 2017:
Quais áreas registraram crescimento e garantiram faturamento em 2016? 
Em 2016 as áreas que registraram um crescimento mais acentuado foram as de contencioso e arbitragem, de compliance, de restruturação e recuperação judicial e de M&amp;A. O escritório, inclusive, incorporou dois novos sócios na área de contencioso e arbitragem durante 2016.
Quais áreas tiveram retração em 2016? 
A área de mercado de capitais continuou sofrendo um pouco mais em 2016. Fruto do cenário do mercado, acreditamos que este ano de 2017 e no próximo a área deverá recuperar participação. A área de infraestrutura também seguiu tímida em 2016, reflexo da situação das empreiteiras e dos desdobramentos da operação Lava Jato. Todavia, é uma área demandante para o país e no Souza Cescon acreditamos que em algum momento, em um futuro próximo, haverá retomada significativa das operações de infraestrutura.
Os dois movimentos surpreenderam o escritório ou os avanços e recuos eram esperados nestas áreas? 
Nenhum dos movimentos surpreendeu, de fato, o escritório. Em função da crise econômica e política, esperava-se os movimentos ocorridos nas respectivas áreas mencionadas.
Temos clareza de que as demandas dos clientes possuem uma oscilação natural de acordo com o momento do negócio e do mercado. Nosso time de advogados tem capacidade para atender nas diferentes situações, seja em momentos de crescimento e expansão ou nos momentos de ajuste e restruturação dos negócios. De todo modo, compliance, renegociação de dívidas e venda de ativos no âmbito de processos de reestruturação de empresas foram áreas que cresceram acima do esperado. O clima de incerteza, de qualquer forma, foi grande em 2016 e continua para 2017.
Quais as grandes vitórias da banca em 2016? E quais as derrotas mais sentidas? 
Apesar do cenário de crise, crescemos e incorporamos três novos sócios ao longo do ano e mais cinco sócios no final do ano. Mesmo com as incertezas no país, continuamos confiantes para 2017. Durante 2016 assessoramos operações de relevância e destaque no cenário empresarial, incluindo grupos com investimentos estratégicos e de longo prazo no país, como a Eneva, o Grupo TPG, o Carlylye Group, a Hyerpmarcas, a Whirlpool; a CCR e sua empresa subsidiária Concessionária de Rodovia Sul-Mato-grossense S.A. (CCR MSVia), o Japan Bank for International Cooperation (JBIC), a Kellog Company, em um investimento estratégico para aquisição da Parati Alimentos,  e vários outros.
Tivemos também vitórias relevantes em arbitragens e contenciosos, bem como em recuperações judiciais. Por outro lado, tivemos uma quebra de expectativa, especialmente no segundo semestre, quanto a novas operações de mercado de capitais e em uma recuperação mais acelerada do Brasil.
Qual a maior frustração de 2016? 
Dentre as áreas de principal atuação do escritório, sempre assessoramos negócios de nossos clientes, participando de operações complexas e muitas vezes inovadoras.
Talvez o ambiente da economia e a dificuldade e demora na superação da crise política foram nossa maior frustração no sentido de não ter havido continuidade de alguns negócios que teriam sido relevantes e significativos no país. Definitivamente, foi um ano em que muitos negócios permaneceram represados. Estamos confiantes em que o país supere isso ao longo de 2017 e que os negócios sejam retomados, gerando maior atividade das empresas e, consequentemente, empregos, mais consumo e mais desenvolvimento no país.
O que esperavam que aconteceria este ano que na prática não se concretizou? 
Um número maior de IPOs no segundo semestre e uma retomada geral do clima de confiança ainda no final de 2016. Confiamos na capacidade do país de achar seu caminho de maneira pacífica e somos otimistas de que a recuperação econômica pode ser mais acelerada do que tem se mostrado até o momento. Há muito trabalho a ser feito, inclusive na área de infraestrutura.
O escritório aposta em quais áreas para crescer em 2017? 
Em 2017, o país precisará de muito investimento em infraestrutura, o que esperamos acarrete crescimento em financiamento de projetos e M&amp;A ligados a essa área.
Além disso, acreditamos no crescimento das áreas de contencioso/restruturação, concorrencial, anticorrupção, trabalhista e tributário e em nossos escritórios regionais, sem perder o foco nas nossas áreas líderes como societário, M&amp;A, mercado de capitais e infraestrutura.
Quais as perspectivas para o mercado de advocacia para 2017 em um contexto de tanta instabilidade política e econômica? 
As perspectivas para a advocacia em 2017 são desafiadoras, pois acreditamos que o advogado ganhou um novo papel, acrescido àquele seu papel tradicional. Além de deter o conhecimento técnico de excelência, passou-se a zelar pela reputação corporativa. Além do aspecto ético, questões como o respeito ao meio ambiente e à sustentabilidade social se incorporaram à governança corporativa, requerendo que os profissionais estejam bem informados não apenas na questão técnica, mas na compreensão do ambiente do negócios, em especial as demandas do cliente e dos demais stakeholders envolvidos com aquele negócio.
A visão do advogado deve ser técnica e estar em sintonia com a estratégia do negócio que o cliente demanda. Trata-se de uma visão estratégica em que o advogado atua como representante de interesses. Ademais, várias iniciativas do governo, como a reforma trabalhista, a terceirização e a proposta de novas concessões e possíveis privatizações que poderão ocorrer, são sinais de boas perspectivas para o país.
Gostamos de desafios e estamos preparados para enfrentá-los em conjunto com nossos clientes. Nosso escritório tem investido cada vez mais na formação dos advogados e na evolução dos serviços oferecidos para atender às demandas dos clientes em questões cada vez mais complexas, em um mercado que se transforma de maneira exponencial devido a escalada tecnológica e à modernização das relações no ambiente de negócios nacional e internacional.
A atuação da Justiça em relação a companhias, como visto na Lava Jato e na Zelotes, abre espaço para um trabalho diferenciado de advogado? 
Sem dúvida, o comportamento empresarial no país vem sendo alterado significativamente. Reflexo do advento da Lei anticorrupção, editada em 2013 e, mais ainda, pelo surgimento e desdobramentos das operações Lava Jato e Zelotes, entre outras. Abriu-se um novo espaço à atuação do advogado, passando ele a ter um novo papel, valorizando e até mesmo protagonizando a orientação à observância das regras de compliance. Trata-se de um tema estratégico e crítico à sustentabilidade dos negócios.
Qual as perspectivas do escritório sobre o Judiciário em 2017? 
Pensamos que o Judiciário continuará pressionado em 2017, apesar das mudanças ocorridas com o novo Código de Processo Civil, vigente desde 2016, exercendo um papel de mediador/árbitro entre as disputas que deverão ocorrer entre o Legislativo e o Executivo. Ademais, a perda trágica do Ministro Teori Zavascki, um magistrado que sempre se pautou por sua seriedade e discrição, reforçará essa pressão e, além disso, coloca o Judiciário em evidência neste delicado momento de perda de um Ministro da Suprema Corte do país. Vale lembrar que o processo judicial eletrônico ajudou significativamente o ambiente e, apesar do número imenso de processos sob sua responsabilidade, o Judiciário tem encontrado espaço para melhorar a velocidade dos seus julgamentos e, consequentemente, o seu desempenho. Os números de 2016 recentemente divulgados pelo Supremo Tribunal Federal, por exemplo, expressam essa realidade.
Se 2016 foi o ano da lei anticorrupção, que lei será o destaque neste ano? 
A aposta do governo na reforma trabalhista e previdenciária deverão deixar as suas marcas. O mesmo se pode dizer da terceirização. Resta-nos saber como será o andamento destes temas no Congresso Nacional.
Raio-x do escritório 
Crescimento: aproximadamente 10%. 
Número de sócios: 41 
Número de advogados: aproximadamente 200
+JOTA: <a href="https://www.jota.info/advocacia/escritorios-ajustaram-praticas-para-enfrentar-crise-23012017">Escritórios ajustaram práticas para enfrentar crise 
</a>+JOTA: <a href="https://www.jota.info/advocacia/times-multidisciplinares-e-de-maior-qualidade-prevalecem-24012017">Times multidisciplinares e de maior qualidade prevalecem</a>

marcosflesch

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JOTA

Para Marcos Flesch, do Souza Cescon, não basta somente deter o conhecimento técnico de excelência

Advogado passou a zelar também pela reputação corporativa

Para Marcos Flesch, do Souza Cescon, não basta somente deter o conhecimento técnico de excelência