Troca de ministro

Em despedida, Teich ressalta importância de articulação com estados e municípios

Ex-ministro diz que deixou um plano de trabalho para auxiliar secretários, mas evitou antagonizar com o presidente Bolsonaro

Nelson Teich, ministro da Saúde (Foto: Carolina Antunes/PR)
Nelson Teich, ministro da Saúde (Foto: Carolina Antunes/PR)

De saída do Ministério da Saúde menos de um mês após assumir o órgão, em seu discurso de despedida nesta sexta-feira (15/5) o médico Nelson Teich ressaltou a importância da atuação conjunta da pasta com estados e municípios. Em um comunicado breve, Teich fugiu das polêmicas que serviram de pano de fundo para a sua exoneração, como o uso da cloroquina contra a Covid-19 e o isolamento social, e defendeu união dos entes federal, estaduais e municipais na luta contra a doença.

“A missão da saúde é tripartite. A gente envolve Ministério da Saúde, o Conass e Conasems, os secretários estaduais e municipais. O Ministério da Saúde vê isso como algo absolutamente verdadeiro e essencial para conduzir a saúde desse país tanto na parte estratégica quanto na execução. Esse é o momento em que o país inteiro luta pela saúde e pelo Brasil. Aqui eu realço a participação do ministério no Conass e no Conasems”, afirmou o agora ex-ministro.

Teich se aproximou dos gestores locais na última semana, quando passaram a se reunir para discutir um plano estratégico de orientação aos estados sobre o isolamento. O ministério chegou a confirmar a divulgação desse plano duas vezes, mas a divulgação foi adiada por falta de consenso com os secretários.

Na tarde da última quinta-feira (14/5), em reunião com representantes do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), o então ministro não conseguiu esconder que estava sendo pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro para divulgar o plano o quanto antes.

Os secretários, no entanto, mantiveram o posicionamento de que não era o momento de tornar público qualquer documento que desse margem à flexibilização, principalmente na semana em que vários estados entraram em lockdown.

O pedido de demissão de Teich, na manhã desta sexta-feira, pegou os presidentes do Conass e Conasems de surpresa. Sem dar detalhes, Teich disse ao sair que deixava pronto um plano de trabalho para auxiliar os secretários.

“Deixo um plano de trabalho, um plano pronto para auxiliar os secretários estaduais, os secretários municipais, prefeitos e governadores a tentar entender o que está acontecendo e definir próximos passos. Aqui a gente entrega quais são os pontos que têm que ser avaliados, quais são os itens críticos que, se hoje a gente não consegue ter,  precisam ser encontrados, para auxiliar no momento da tomada de decisão”, disse.