CORONAVÍRUS

Covid-19 pode reabrir debate sobre modulação de planos de saúde e telemedicina

Telemedicina reduz internações, diz Claudio Lottenberg, do Albert Einstein, que participou de webinar do JOTA

Claudio Lottenberg, presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein. Imagem: YouTube

A pandemia de coronavírus contribui para reabertura de debates da saúde que nunca avançaram tanto até agora como a telemedicina e os planos modulares, destaca o presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lottenberg, que participou do webinar promovido pelo JOTA para discutir os efeitos do coronavírus na política e na economia.

“O problema de planos mais simples é a judicialização. É preciso fazer um debate com envolvimento da magistratura para expandir a visão de que a saúde é um direito social, mas que tem preço”, disse.

Ao falar das discussões posteriores à crise do coronavírus, Lottenberg também disse que o Brasil também precisa avançar em outros campos ligados à área da saúde. “A sociedade precisa pressionar pela regulamentação da telemedicina, que permite uma atenção primária, com coordenação de cuidados, o que diminui em até 30% a taxa de internação”.

Sobre o SUS, o presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein acredita que o sistema está “passando pelo principal teste desde sua formalização”.

Em relação à estrutura geral da saúde do país, o médico ressaltou que a maioria dos leitos de UTI está fora da rede pública. “O Brasil tem cerca de 25 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes e grande parte fica em hospitais privados e não atende o SUS”. Lottenberg ressaltou ainda que “outras demandas vão continuar acontecendo e vamos precisar de um esforço hercúleo”.

Na avaliação de Lottenberg, o pico de internações por coronavírus em São Paulo deve ser entre 6 e 25 de abril e quanto antes houver a estabilização, melhor.

“O objetivo agora é achatar o agravamento epidemiológico, por isso o isolamento é necessário”, diz. “Poderia ter sido usado o perfil da população de cada região para planejar a política de confinamento de cada local”. No entanto, como não foi feito um levantamento do tipo, “foi necessário adotar a política de isolamento quase que total”. “Será preciso buscar liberalidade no isolamento e o caminho é fazer mais testes, detectando aqueles que foram infectados, não tiveram sintomas e já deixaram de ter risco de contágio”.

O primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil foi no Hospital Albert Einstein no dia 26 de fevereiro. Era um homem de 61 anos que tinha retornado de uma viagem à Itália. Passado um mês, o número de casos passa de três mil em todo o país.

O Albert Einstein está realizando uma pesquisa para avaliar a eficácia da hidroxicloroquina, medicamento usado no tratamento da malária, em pacientes com a Covid-19. “Não haverá resposta clara antes do intervalo entre 14 e 20 dias de testes”, diz Lottenberg. Já a criação de uma vacina, avalia o médico, “vai demorar ao menos um ano”.