A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou na quarta-feira (27/7) a criação do Comitê Técnico da Emergência Monkeypox, com objetivo de adotar medidas contra a varíola do macaco. A formalização será feita com a publicação de uma portaria.
De acordo com a agência, haverá trabalho colaborativo entre as áreas técnicas de pesquisa clínica, registro, de boas práticas de fabricação, de farmacovigilância e de terapias avançadas.
A equipe fará orientações à população sobre prevenção, diagnóstico e medicamentos que sejam desenvolvidos contra a doença. O objetivo, segundo a Anvisa, é permitir aprovação rápida de ensaios clínicos para evitar maior propagação do vírus.
“A atuação do Comitê permitirá ações coordenadas e céleres para salvaguardar a saúde pública, reunindo as melhores experiências disponíveis nas autoridades reguladoras, permitindo acelerar o desenvolvimento e as ações que envolvem pesquisas clínicas e autorização de medicamentos e vacinas”, explicou a agência.
A Anvisa afirma que tem acompanhado a situação desde o início do surto da varíola dos macacos, inclusive com orientação em áreas de portos, aeroportos e fronteiras, além da emissão de notas técnicas.
Números crescentes
O Brasil confirmou 978 casos da varíola do macaco, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (27/7). O maior número de casos é em São Paulo, com 744 infecções confirmadas e no Rio de Janeiro, com 117.
No mundo, já foram reportados mais de 18 mil casos da doença, em 78 países, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O que é a varíola do macaco?
A varíola do macaco, ou ortopoxvirosis simia, é uma doença rara e que pode ser transmitida de animais para humanos, ou seja, é considerada uma zoonose. A infecção é causada pelo vírus monkeypox que pertence a família dos ortopoxvírus, a mesma do vírus causador da varíola humana, porém é mais leve e menos letal.
As contaminações humanas ocorrem com mais frequência em partes florestais da África Central e Ocidental. Roedores silvestres e primatas estão entre os animais transmissores do vírus.
A primeira identificação da doença em macacos ocorreu em um laboratório, em 1958. Já em humanos, foi identificada pela primeira vez na República Democrática do Congo em 1970, em um menino de 9 anos.
Segundo especialistas, existem duas versões da varíola dos macacos: uma da África Ocidental e outra da África Central. A primeira é mais leve e pode ser a responsável pelo surto na Europa.
O maior surto da varíola do macaco que se tem registro ocorreu na Nigéria em 2017, com 172 casos suspeitos. Em 2003, os Estados Unidos tiveram o primeiro surto fora do continente africano, com 81 casos registrados. A origem dessas infecções foi atribuída à importação de roedores da África, infectados com o monkeypox vírus.
Como a varíola do macaco é transmitida ?
A varíola do macaco pode ser transmitida pelo contato com fluidos corporais, secreções respiratórias, lesões na pele ou mucosas de pessoas infectadas. Há também o risco de contaminação pela utilização de materiais contaminados, como toalhas, roupas de cama e utensílios domésticos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o contato com animais vivos e mortos por meio da caça e do consumo de carne de caça também são fatores de risco.
Quais os sintomas da doença?
Os sintomas apresentados por pessoas infectadas são febre, dor de cabeça, dores nas costas ou musculares, inflamações nos nódulos linfáticos, erupções cutâneas e lesões, que começam no rosto e se espalham pelo corpo, atingindo principalmente as mãos e os pés. O período de incubação do vírus pode variar de cinco a 13 dias e, segundo a OMS, os sintomas duram de 14 a 21 dias.
Tratamento
Não há tratamento específico ou vacina para a varíola do macaco, mas a OMS afirma que a vacina para a varíola humana mostrou ser 85% eficaz para prevenir casos da doença. Recentemente, Estados Unidos, Alemanha e França anunciaram que irão implementar planos de vacinação como precaução.
Varíola do macaco mata?
Segundo informe técnico da comissão do governo brasileiro, a taxa de letalidade da doença varia entre 0 e 11% na população em geral, mas pode ser maior entre crianças pequenas e recém-nascidos.