
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, mostrou incômodo com o nível de lucro da Petrobras e apontou que a indicação de Caio Paes de Andrade para a presidência da empresa tem como objetivos prepará-la para a competição e cuidar da marca dela no longo prazo. E foi por meio desse último tópico que Sachsida deu a senha para a real missão de Paes de Andrade: fazer a empresa aceitar algum prejuízo de curto prazo em troca de um ganho de imagem com retornos de longo prazo. Para tanto, ele citou exemplos de empresas petrolíferas e de outros setores que têm acionistas minoritários (como a Petrobras) e aceitaram prejuízos elevados ao se retirarem da Rússia em nome da proteção de suas marcas.
“Os estados estão fazendo sacrifícios, o governo está fazendo sacrifício, o Congresso está fazendo sacrifício. Ora, é natural que a Petrobras também o faça. Mas essa decisão não é minha. É do presidente da Petrobras, do seu conselho e dos diretores. Será que a BP não tem minoritários? E a Shell? Será que os minoritários estão felizes [com o prejuízo de sair da Rússia]? Acho que sim, porque uma empresa com poder de mercado, tem que se preocupar com a marca. Não é só questão de lucrar o máximo no curto prazo e destruir a marca no longo prazo. A reputação da empresa é fundamental”, disse Sachsida em audiência na Câmara dos deputados.
Na fala, o novo ministro também tenta eximir o governo de responsabilidade pelo que aconteceu no passado em termos de altas de preços, apontando a autonomia do comando. Mas claramente o discurso tenta mostrar uma visão imediatista sobre a empresa que agora supostamente deverá ser superada com Caio Paes de Andrade.
Com essa fala, está mais claro do que nunca que o governo colocou um novo comando na empresa para interferir na política de preços até a eleição, enquanto a privatização da estatal está sendo costurada.