Como as empresas podem se preparar para as eleições quanto a doações, patrocínio e interação com a política institucional? Para as palestrantes do II Congresso Internacional de Relações Governamentais, a resposta está na blindagem pelo estabelecimento prévio de regras claras e rigorosas, bem como pelo trabalho em conjunto com a área de compliance.
Segundo Vanessa Vilar, da Unilever, a definição de regras e a transparência são caminhos para evitar um risco desnecessário não somente em ano de eleições, mas sempre.
“Obviamente cada companhia vai ter seu perfil de risco ou vontade de se aproximar mais dessas demandas ou não, mas se você já estabelece antecipadamente quais são as regras, quais são as preocupações que você deve observar, fica muito mais fácil depois para o profissional de RelGov falar: ‘Olha, vou declinar gentilmente seu pedido. Minha empresa não permite’,” disse a executiva no painel RelGov e as áreas compliance e jurídico.
Olga Pontes, integrante de conselhos de administração, endossou o comentário e ressaltou a importância da publicização do posicionamento corporativo e da formalidade no relacionamento em meio às eleições. Para ela, a delimitação das regras do jogo antes do início da partida e alinhadas ao propósito da companhia é o melhor caminho para evitar riscos.
Além disso, Silvia Helena, da Meta, ex-Facebook, defendeu a documentação extensiva como forma para depois se defender, além da importância de se ter consistência na postura.
Treinamento
Com a chegada das eleições, pessoas costumam ficar tensas e cometer erros frente a figuras públicas. Helena defendeu uma política de treinamento que deixe um pouco de lado as listas e tabelas exemplificativas, para dar lugar a simulações de casos reais.
Olga Pontes acrescentou ainda que é preciso ser criada uma cultura na qual é possível pescar o peixe, sem recebê-lo de mão dada. Um ambiente em que o ator pode aprender sozinho, mas se sinta confortável em perguntar quando não entender. “A cultura do medo propicia muitas vezes que a criatividade não venha à tona. Quantas ideias maravilhosas podem surgir entre os funcionários e eles não falam, porque têm medo de serem repreendidos, de quebrar uma zona de conforto. Muitas vezes o silêncio provoca catástrofes. Quantas catástrofes não aconteceram na humanidade por quem deveria dizer o não ou reportar que algo não estava funcionando da maneira correta por medo de falar.”