
O Pix consolidou-se em 2022 e continuará a reverberar neste ano. O meio de pagamento instantâneo do Banco Central (BC) ficará mais próximo do open finance e receberá incrementos para habilitar mais modalidades de uso, em especial para pagamentos recorrentes, que promete revolucionar as compras em débito automático.
A solução é o principal produto a ser desenvolvido pela autoridade monetária em 2023. O Pix Automático, como foi batizado, atenderá à necessidade de realizar pagamentos periódicos, como de serviços essenciais, escolas, academias, assinaturas e serviços de streaming.
“O Pix Automático revolucionará o débito em conta, trazendo para todo o mercado facilidades que hoje são restritas a contratos bilaterais,” afirmou Bruno Magrani, presidente da Zetta, associação que representa fintechs como Nubank e Mercado Pago, em entrevista por email ao JOTA.
Ainda não há data para o lançamento da nova modalidade. Além da tradicional leitura do QR Code e do Copia e Cola, o sistema de pagamentos instantâneos possui funções como agendamento e saque de dinheiro em espécie em estabelecimentos comerciais.
Atualmente, com pouco mais de dois anos de existência, o Pix desbanca o cartão de crédito e é o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, com mais de 500 milhões de chaves cadastradas e um volume transacionado mensal acima de R$ 1 trilhão.
Open finance
Pix e open finance devem se tornar cada vez mais íntimos, com a simplificação do fluxo da iniciação de transações de pagamentos. O objetivo é que fique mais fácil realizar compras online e cliente não precise digitar dados bancários ou entrar no aplicativo de sua instituição financeira. Todo o processo é feito a partir da plataforma do comércio, o “iniciador”.
“A consolidação do open finance, com maior eficiência no compartilhamento de dados e com as melhorias no serviço de iniciação de pagamentos são essenciais para liberar o impacto do sistema,” salientou Magrani, da Zetta, acrescentando que uma expansão do sistema para um open capital markets também “trará impactos positivos para os consumidores”.
A ideia está na agenda da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e já começou a ser apresentada ao mercado pelo presidente da autarquia, João Pedro Nascimento. Pautas como a portabilidade de fundos de investimento e concessão de mais direitos e prerrogativas aos investidores de varejo para realizarem suas escolhas estão sendo estudadas.
Open Capital Markets, já ouviu falar? O Presidente da CVM, João Pedro Nascimento, apontou que isso está no radar da #CVM para os próximos anos. Ele faz parte da Agenda Desenvolvimentista, uma das frentes de ação da Agenda de 100 Dias da CVM.
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Magrani também destacou a agenda de inovação e competição do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o porta-voz, o cenário hoje não é o mesmo que o mandatário viu quando deixou a Presidência.
“Hoje, há mais empresas competindo para servir melhor e de forma mais barata um maior número de pessoas. Mas, é preciso seguir evoluindo sempre,” disse. “Remover barreiras e incentivar a participação de novos competidores favorecem a criação de novos produtos, a melhoria dos serviços e a redução de preços ao consumidor, com ganhos que extrapolam o setor financeiro e beneficiam a economia real como um todo.”