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‘Paredes São de Vidro’: as Organizações Tabajara e a nova era do STF

Comunicação mudou depois que Gilmar Mendes inaugurou conta no Twitter citando a empresa fictícia do Casseta & Planeta

Novo podcast do JOTA analisa como o STF passou de desconhecido a protagonista
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O episódio extra de Paredes São de Vidro narra a relação das Organizações Tabajara com a abertura de uma nova era na comunicação do Supremo Tribunal Federal (STF) – a das redes sociais e, consequentemente, das fake news. Inauguradas pelo ministro Gilmar Mendes, em 2017, as redes sociais da Corte e dos ministros mudaram a forma de dialogar com a população.

“Hoje eu sou capaz de afirmar para você que canal no YouTube e as redes sociais do Supremo e dos ministros são mais importantes que a TV Justiça”, diz Renato Parente, com a autoridade de quem apertou o play para colocar a emissora no ar, em 11 de agosto de 2002, quando era secretário de Comunicação do Supremo na gestão do ministro Marco Aurélio.

Os jornais, as emissoras de televisão e de rádio, ainda têm papel importante na comunicação do Supremo, mas as redes sociais são um mundo à parte, em que as informações circulam sem barreiras e sem mediadores.

Antes, por estar ausente das redes, o Supremo não conseguia se defender dos ataques que sofria. Mas isso começou a mudar com a ajuda de uma grande empresa – uma grande empresa fictícia.

Gilmar Mendes foi procurado por um dos chefões do Twitter para criar uma conta em seu nome: um perfil verificado para abrir diálogo com quem quisesse segui-lo.

Comunicador intuitivo, Mendes viu uma oportunidade de também falar da sua carreira acadêmica, comumente ignorada pelos meios tradicionais de imprensa. Ele consultou um assessor, que o apoiou, mas fez uma ressalva: aquela não era uma arena para comentar decisões.

Em 30 de maio de 2017, estreia o primeiro um ministro do STF no Twitter, com a seguinte mensagem: “Me desculpem as Organizações Tabajara, não queria ofender”, afirmava Gilmar, citando a empresa fictícia criada pelos humoristas do Casseta & Planeta para vender produtos absurdos para solucionar os mais diferentes problemas.

Mendes se referia a uma entrevista que concedeu, em que disse que o país estava se tornando uma grande Organização Tabajara por tentar propor remendos à Constituição, como se isso fosse resolver os reais problemas que enfrentamos.

De lá para cá, as redes sociais potencializaram muito os ataques ao Supremo. Então por que entrar nesse mundo? “Não é uma decisão mais dos ministros, não é uma escolha”, afirma Amaro Grassi, coordenador da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV, que analisa dados das redes sociais.

Além dos ataques, as mudanças provocaram a hiperindividualização da comunicação do Supremo, aliada ao aumento exponencial e decisões monocráticas. Hoje, alguns ministros, mesmo que informalmente, uma estrutura de comunicação própria.

Na esteira das contas dos ministros, a equipe de comunicação do Supremo também precisou se adequar à nova realidade. A maior dificuldade, hoje, não é mais divulgar ou explicar as decisões que o tribunal toma – o que dá mais trabalho são as decisões que nem existem de verdade, mas que fazem uma espécie de jurisprudência do mundo paralelo das fake news.

Os detalhes dessas histórias você ouve no episódio extra de Paredes São de Vidro, disponível na sua plataforma preferida de áudio (Spotify, Apple e outros).

O podcast, com roteiro e apresentação de Felipe Recondo, cofundador do JOTA, conta como o Supremo foi alçado a uma posição de protagonista da História atual brasileira.

O “Paredes São de Vidro” conta ainda com a edição e roteiro de Eduardo Gomes e é  patrocinado pelo Conselho Federal da OAB, pela Torre Comunicação e Estratégia e por Caputo Bastos e Fruet Advogados.