
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou, nesta sexta-feira (3/02), durante palestra na Brazil Conference, do Lide, em Lisboa; que o déficit de civilidade brasileira e a “indevida politização das forças armadas” antecederam os ataques aos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro deste ano.
Barroso afirmou ter uma visão institucional muito severa dos recentes ataques ao Estado Democrático de Direito. “Eu sou uma pessoa que gosta de trabalhar mais com fatos do que com opiniões, porque o Brasil, nos últimos tempos, virou uma exceção em que as pessoas escolhem os lados e, a partir disso, vão construindo uma narrativa nem sempre baseada em fatos”, afirmou o ministro, seguindo: “O Brasil viveu um grande déficit de civilidade marcado por um contexto que naturalizou as ofensas, a grosseria, a difusão do ódio e a extração do pior que existe nas pessoas”.
- +JOTA: Moraes chama plano golpista de ‘tentativa de uma operação tabajara’
- +JOTA: Se for verídico, terá consequências sérias, diz Lewandowski sobre relato de Do Val
O ministro ainda ressaltou que a depredação dos prédios dos Três Poderes foi antecedida de ataques desrespeitosos e repetidos às instituições, “pela absurda e indevida politização das forças armadas, por um discursos que era permanentemente golpista e que incluiu a tentativa de volta ao voto impresso, com contagem manual”.
“Podem os senhores imaginar o que teriam sido as sessões eleitorais com essas hordas de pessoas violentas, truculentas e, muitas vezes, armadas em uma contagem pública manual de votos?”, questionou.
A partir da fala de Barroso, o ministro Alexandre de Moraes fez uma “observação irresistível” sobre o episódio ocorrido nesta quinta-feira (2/02) durante a votação para o comando da bancada evangélica. “Vários parlamentares defenderam a volta do voto escrito [durante as eleições de 2022], mas a ironia ocorre e acaba sendo estranho, que vários desses deputados, ontem, pediram a anulação de uma votação por voto escrito de uma bancada que sempre defendeu a volta desse tipo de voto, dizendo que a cédula escrita é facilmente fraudada”, disse.