STF

Lewandowski vai relatar pedido do Estadão para Bolsonaro mostrar exames

Jornal busca derrubar decisão do presidente do STJ, que desobrigou a União de divulgar exames do presidente

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Ministro Ricardo Lewandowski / Crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro Ricardo Lewandowski vai relatar a ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em que o jornal O Estado de S. Paulo pede para que a União seja obrigada a apresentar os exames que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez para detecção de Covid-19.

O jornal busca anular decisão do ministro João Otávio de Noronha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que na sexta-feira (8/5) derrubou entendimentos de instâncias inferiores que determinavam a divulgação dos exames. Um dia antes, ele falou sobre o assunto em webinar do JOTA e havia dito que “não é nada republicano exigir que o presidente dê os seus exames.

Os advogados do jornal alegam que foram impedidos de obter informações de interesse público e repassá-las a sociedade. Por meio da Reclamação 40574, o jornal afirma que o presidente do STJ afronta uma decisão do STF de 2009, na qual foi declarada inconstitucional a Lei de Imprensa (promulgada durante a ditadura militar, em 1967), e assegurada a livre e plena manifestação do pensamento e da informação. A decisão foi tomada na arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 130.

O pedido do veículo de imprensa teve sucesso nas primeira e segunda instâncias, na Justiça Federal de São Paulo e no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3). Ao negar o efeito suspensivo a uma liminar concedida pela 1ª instância, o desembargador André Nabarrete afirmou que o argumento de quebra da intimidade ou privacidade não pode ser utilizado no caso envolvendo Bolsonaro e os documento relacionados à Covid-19.

A Advocacia-Geral da União (AGU) então recorreu ao STJ por meio de suspensão de liminar, que foi distribuída ao presidente Noronha. No mesmo dia, Noronha concedeu a suspensão a favor do governo.

No dia 30 de abril, quando o caso ainda tramitava na primeira instância, a AGU informou que os exames de Bolsonaro deram negativo para Covid-19. Entretanto, se negou a mostrar os exames.

Na ocasião, a AGU apresentou relatório médico emitido em 18 de março de 2020 pela Coordenação de Saúde da Presidência da República, no qual é atestado que o presidente da República é monitorado pela equipe médica, encontrando-se assintomático, tendo, inclusive, realizado exame para detecção da Covid-19, nos dias 12 e 17 de março.