
O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, nesta quinta-feira (26/5), no início da sessão plenária, que evitou polemizar sobre a fala do secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, depois da chacina na Vila Cruzeiro, que culpou a Corte por uma suposta migração de criminosos para o estado após uma decisão do STF na ADPF 635. “A Polícia Militar deve satisfações e eu estou aguardando as satisfações”, afirmou Fux.
Fux falou após o ministro Gilmar Mendes pedir a palavra e se mostrar preocupado com o fato de as autoridades locais do Rio de Janeiro atribuírem ao Supremo a responsabilidade pela ação e as mortes ocorridas nas favelas do Complexo da Penha. Mendes afirmou que espera uma “perspectiva isenta no momento tenso que vivemos” e acrescentou: “nós devemos contribuir para a superação das crises, não para apontar culpados ou bodes expiatórios”.
“Todos nós fazemos votos de que esse quadro seja superado, mas sabemos também que, se o estado do Rio de Janeiro hoje goza de alguma saúde financeira, isso se deveu à parceria que se estabeleceu com este tribunal. Do contrário certamente teria colapsado inclusive em termos financeiros”, criticou Mendes.
O ministro Edson Fachin, relator da ADPF 635, que trata das operações policiais em favelas do Rio de Janeiro, agradeceu a manifestação dos colegas e lembrou que o Supremo está entre as instituições que procura soluções.
A tensão entre a Polícia Militar e o Supremo se elevou na última terça-feira (24/5). Após a operação policial, o secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, culpou diretamente o Supremo e a ADPF 635 pela suposta migração de criminosos ao estado.
A operação da última terça-feira (24/5), realizada por agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da PM, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, foi a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro — atrás apenas da realizada no Jacarezinho em maio de 2021, quando 28 pessoas foram mortas.