Efeitos da crise

Supremo desiste de diálogo e prevê mais ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas

Com desistência de conversa por Luiz Fux, ministros se alinham na opinião de que o presidente não irá recuar

Supremo diálogo Bolsonaro
Crédito: JOTA

O Sem Precedentes, podcast do JOTA sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), retorna com um novo episódio depois de um recesso turbulento na relação entre o tribunal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre os ministros, quem ainda acreditava na possibilidade de diálogo entre Bolsonaro e o Judiciário era Luiz Fux, presidente do Supremo. Na quinta-feira (5/8), o anúncio dele sobre o cancelamento da reunião que haveria entre os chefes de Poderes pode indicar o rompimento de qualquer chance de diálogo com presidente.

No recesso, Bolsonaro atacou o TSE e seu respectivo presidente, ministro Luís Roberto Barroso, além de Alexandre de Moraes. O mandatário ainda questionou a legitimidade do processo eleitoral, promoveu uma live para a qual convocou a imprensa dizendo que apresentaria provas de fraudes nas urnas eletrônicas, mas não as comprovou.

Como consequência, o nome de Bolsonaro foi incluído como investigado no inquérito que investiga a proliferação de fake news contra as instituições,  conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.

Os ataques do presidente foram rebatidos pelo ministro Barroso em um contundente discurso no início desta semana. Fux inicialmente se manifestou em tom mais leve, propondo diálogo; dias depois, entretanto, mudou a rota e cancelou reunião entre chefes dos Poderes, enfatizando que só é possível dialogar com aquele que respeita as próprias palavras.

O ministro já havia chamado o presidente da República para ir ao Supremo, pontuando que os ataques só prejudicavam a relação entre os Poderes. Logo após, Bolsonaro retomou os ataques, o que sugere o que Fux quis dizer com o desrespeito às próprias palavras.

Assim, Fux se alinhou aos demais ministros do Supremo no entendimento de que Bolsonaro não pretende recuar na pauta do sistema de votação e tem o intuito de deslegitimar o processo eleitoral para o caso de sair derrotado das próximas eleições. Por isso, a investigação no inquérito das fake news pode se tornar ainda mais importante.

O Sem Precedentes é apresentado por Felipe Recondo, diretor de conteúdo do JOTA. Os participantes fixos são Juliana Cesario Alvim, professora da Universidade Federal de Minas Gerais; Diego Werneck, professor do Insper, em São Paulo; e Thomaz Pereira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

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