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O engajamento em causas sociais e o desafio do debate nas redes

A urgência de traduzir o aquecimento global para o dia a dia do cidadão

Renard Aron
27/07/2021|07:16
Atualizado em 28/07/2021 às 12:19
Foto mostra youtuber Felipe Neto
O youtuber Felipe Neto (Crédito: Humor Multishow - YouTube)

Felipe Neto recentemente desabafou: "Estamos alertando faz tempo. Meus tweets sobre os projetos de lei que vão destruir as florestas recebem quase nenhuma repercussão. Ninguém se importa. The Guardian decidiu publicar: SE BOLSONARO CONTINUAR PRESIDENTE, A FLORESTA AMAZÔNICA VAI COLAPSAR!"

Talvez "ninguém se importa" não tenha sido a melhor maneira dele se expressar; inclusive teve gente que respondeu ao tweet dizendo que se importava, sim. De acordo com uma pesquisa do IBOPE realizada em outubro de 2020, uma ampla maioria de 77% dos brasileiros acreditam que proteger o meio ambiente é uma prioridade. Mas o desabafo faz sentido; um tweet dele mostrando um cachorro que pinta ganhou mais likes e comentários do que o tweet sobre os PLs. Infelizmente é difícil engajar as pessoas em temas complexos em que causa e efeito não são óbvios.

O tweet do Felipe Neto tinha endereço certo: o PL 2633/2020 que acabava de ter seu pedido de urgência aprovado pela Câmara dos Deputados, com risco de ser aprovado em Plenário. O projeto de lei — apelidado de PL da Grilagem por aqueles que a ele se opõe — facilita a legalização de terras da União que foram ilegalmente ocupadas e desmatadas, particularmente na Amazônia.

A conversa no Twitter em torno do PL (#PL2633Não, #GrilagemNão e #GrilagemÉCrime) ficou bastante centrada nos ativistas, ONGs e celebridades. Houve também matérias na mídia internacional (vide referência do Felipe Neto à matéria do The Guardian) e pressão de algumas empresas européias. Em uma nova carta aberta ao Congresso Brasileiro (a primeira veio quando o governo Bolsonaro enviou ao Congresso a MP 910 tratando do mesmo tema), vários supermercados e empresas alimentícias européias voltaram a ameaçar o Brasil com um boicote caso o PL 2633 fosse aprovado. O que faltou foi uma participação mais robusta do cidadão e das empresas brasileiras. Por exemplo, no ano passado, durante a mobilização para que o Congresso deixasse caducar a MP 910, a Ben & Jerry Brasil (multinacional) apoiou uma petição neste sentido, enquanto várias empresas nacionais assinaram carta ao vice-presidente Hamilton Mourão expressando preocupação com a preservação do meio ambiente.

Desde então as coisas só pioraram. Nas últimas semanas, os desastres ecológicos e humanitários se multiplicaram mundo afora: inundações na Alemanha e Países Baixos, frente de calor no Canadá e oeste dos EUA e incêndios nas florestas da Sibéria, Califórnia e Oregon. Todos corroborando com a noção de que o aquecimento global agrava eventos climáticos, trazendo mortes e prejuízos econômicos. Isto é, infelizmente estamos vendo o efeito do aquecimento global hoje.

Não é só lá fora. A revista Nature acabou de publicar um artigo sobre estudo que mostra que o sul e sudeste da floresta amazônica está transicionando de um sistema que absorve CO2 para um que emite, consequência do desmatamento e aumento da temperatura. Outra notícia, esta coberta amplamente pela mídia nacional, é que entre setembro de 2020 e março de 2021 as hidrelétricas receberam o menor volume de chuvas em 91 anos. E em abril a situação piorou. Por último, um outro estudo do qual participou a Universidade Federal de Viçosa (UFV) quantificou o prejuízo do desmatamento ao agronegócio brasileiro. Nele os autores afirmam que o desmatamento do Cerrado e Amazônia fez com que os produtores de soja deixassem de ganhar, em média, US$ 1,3 bilhões anualmente entre 1985 e 2012, com projeção de prejuízos na ordem de US$4 bilhões por ano até 2050. Que neste contexto o Congresso Brasileiro ainda se sinta à vontade para pautar o PL 2633, em regime de urgência, mostra que o status quo ainda tem força, que as empresas e setores que mais tem a perder com o aquecimento global e a imagem negativa do país lá fora ainda não se sentem comfortáveis de ir a público e pressionar abertamente o Congresso, e que a sociedade, em grande parte, ainda entende o aquecimento global como algo importante mas abstrato.

Os dois estudos que menciono acima e que foram compartilhados nas redes sociais são técnicos e de difícil tradução para o dia-a-dia do cidadão. Para o consumo de conteúdo online de vez em quando basta trazer o tema para a realidade de cada um, como fez a Deputada Norte Americana Alexandria Ocasio-Cortez em discurso no plenário da Câmara em que fala do impacto aos seus constituintes do incêndio florestal no outro lado dos EUA: "Não se trata mais de teoria, nem sobre desafiar a ciência. Na cidade de NY, ontem, as pessoas acordaram tendo mais dificuldade de respirar e de ver o horizonte por causa da fumaça do incêndio Bootleg lá em Oregon, vindo para a nossa cidade."

De acordo com a mesma pesquisa do IBOPE, 72% dos brasileiros acreditam que o aquecimento global pode prejudicá-los e prejudicar muito as suas famílias. Meio caminho andado. Ainda falta transformar a conscientização em ação.


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Renard Aron

Fundador da PolicyZone e autor do livro "Lobby Digital – Como o cidadão conectado influencia as decisões do governo e das empresas".

Tags felipe netolobby digitalRedes sociais
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