Jazz

The 7th Hand: As epifanias de Immanuel Wilkins

Blue Note lança novo álbum do saxofonista-compositor de 24 anos

Immanuel Wilkins
Immanuel Wilkins / Crédito: Divulgação

O saxofonista alto Immanuel Wilkins está em busca de epifania. Aos 24 anos de idade, ele tem mostrado aspirar à sprezzatura – uma espécie de indiferença estudada que permite um tipo de performance meio inconsciente. E pretende que essa sua música tenha inspiração divina, refletindo espiritualidade no seu som”.

O comentário é do crítico Sheldon Pearce, na revista The New Yorker, a propósito de The 7th Hand, que vem a ser o segundo álbum da nova estrela do jazz gravado pela mesma etiqueta Blue Note, na esteira do sucesso de Omega, que encabeçou a lista do The New York Times dos melhores discos do gênero de 2020.

Na nova “suíte” de sete partes, num total de quase uma hora, o saxofonista-compositor mantém íntegro o quarteto de Omega, com Micah Thomas (piano), Darryl Johns (baixo) e Kweku Sumbry (bateria). A flautista Elena Pinderhughes atua como convidada em Witness, (3m35) e Lighthouse (7m20). E o conjunto percussivo Farafina Kan em Don’t break that (3m30).

Nada menos que um quarto de The 7h Hand é a duração da faixa final, intitulada Lift – uma viagem vertiginosa, com tensão polirrítmica e solos inspirados no free jazz dos canonizados John Coltrane (1926-1967) e Ornette Coleman (1930-2015).

Neste e nos demais títulos do CD, bem menos extensos, o líder Immanuel Wilkins – que é membro atuante da Igreja Pentecostal – procura, de um modo ou de outro, enfatizar o que chama de “espiritualidade negra” da sua música, numa “epifania” constante, em comunhão com os seus companheiros, igualmente irmãos de fé. As duas faixas mais contemplativas do recém-lançado álbum são Fugitive ritual (5m45) e Shadow (4m45).

Nascido na Filadélfia, o saxofonista-compositor, começou a dedilhar o piano ainda bem garoto. Logo em seguida, antes mesmo dos 10 anos, optou pelo instrumento que imortalizou Charlie Parker. Em 2015, com o apoio da família, foi para Nova York a fim de aprimorar a sua arte na Juilliard School of Music. “Descoberto” pelo pianista Jason Moran, atuou também como sideman dos eminentes Wynton Marsalis e Gerald Clayton. Em 2019, Wilkins já chamara a atenção da crítica no álbum de estreia, também na Blue Note, de outro “menino-prodígio”: o vibrafonista Joel Ross (KingMaker).

O pianista do quarteto de Immanuel Wilkins tem a mesma idade do líder, e é igualmente diplomado pela Juilliard. Segundo mestre Fred Hersch, ele “tem todas as ferramentas necessárias para fazer uma contribuição importante ao mundo do piano jazzístico”.

(Ouça Emanation)

(Samples do álbum)