Jazz

As Meditations on Mingus do premiado Ethan Philion

Novo álbum em ‘tenteto’ recria oito temas do genial jazz master

Ethan Philion
Ethan Philion / Crédito: Divulgação

O centenário do genial contrabaixista, compositor e bandleader Charles Mingus (1922-1979), canonizado em vida, foi devidamente celebrado em abril último, durante uma semana, pela orquestra do Jazz at Lincoln Center de Nova York, comandada por Wynton Marsalis. A Resonance Records, por sua vez, editou The Lost Album from Ronnie Scott’s, um set até então inédito de três CDs com o ícone do jazz à frente de um sexteto, em agosto de 1972, tocando no afamado clube londrino.

A sempre antenada Sunnyside Records, por sua vez, aproveita agora o ensejo para lançar o álbum Meditation on Mingus que, certamente, aumentará o prestígio de Ethan Philion. 31 anos, vencedor da International Society of Bassists’ Jazz Competition de 2019. Baseado em Chicago, ele costuma se apresentar no clube Green Mill, situado no mesmo bar que Al Capone frequentava lá na década de 1920.

Neste seu primeiro CD para o selo novaiorquino, o baixista-arranjador comanda uma pequena orquestra integrada por três saxofonistas, dois trompetistas e outro par de trombonistas. O pianista Alexis Lombre e o baterista Dana Hall completam o “tenteto”.

Na música bem expressionista de Mingus, as raízes mais profundas do jazz eram revolvidas num todo heterogêneo no qual não era fácil saber onde terminavam os head arrangements e começava a improvisação, às vezes coletiva. A temática refletia quase sempre, com ênfase dramática ou irônica, a vida do negro na América.

Quanto à seleção das longas oito faixas de Meditation on Mingus (uma hora e 15 minutos de música), Ethan Philion escreveu: “Os temas do álbum – racismo, preconceito, identidade, desigualdade econômica – ainda são relevantes no mundo de hoje. Estas composições pedem aos ouvintes que reflitam sobre a capacidade humana de fazer o mal. Mas como afirmou o psiquiatra de Mingus, Edmund Pollock, elas são também ‘um chamamento em prol da aceitação, do respeito, do amor, do entendimento e da liberdade’”.

O repertório recriado por Philion e seus liderados começa com um título que só Charles Mingus poderia inventar: Once upon a time there was a holding corporation called Old America (10m50). E termina com o inesquecível, irresistível, Better git it in your soul (9m10). Dos outros temas do novo disco mais lembrados pelos jazzófilos destacam-se: Pithecanthropus Erectus (11m20), Prayer for the passive resistance (3m30) e Haitian fight song (10m10).

Ouça Better git in your soul

Ouça Prayer for the passive resistance

(Samples de todas as faixas em: https://music.apple.com/za/album/meditations-on-mingus/1633532033.