Música

A arte dos standards, segundo o trio de Tigran Hamasyan

Pianista lança 11º álbum com Mark Turner e outros ilustres convidados

Tigran Hamasyan - Reprodução do Facebook

“Garoto-prodígio” do piano, o imigrante armênio Tigran Hamasyan tinha só 20 anos quando venceu, em 2006, a afamada Thelonious Monk Jazz Competition, em Washington, perante um júri formado pelos venerados Herbie Hancock, Andrew Hill e Danilo Perez. Quinze anos e 10 álbuns depois, na condição de líder, ele lança agora StandArt (Nonesuch), à frente de um trio com Matt Brewer (baixo) e Justin Brower (bateria). Convidados ilustres do quilate dos saxofonistas Joshua Redman e Mark Turner, além do trompetista Ambrose Akinmusire, atuam em algumas das nove faixas do disco.

Os standards selecionados do chamado Great American Songbook são os seguintes: All the things you are, (5m45), Jerome Kern, 1945; Laura (6m25), David Raksin, 1945; I didn’t know what time it was (7m15), Richard Rogers, 1939; When a woman loves a man (4m40), Gordon Jenkins, 1934; Softly as in a morning sunrise (5m45), Sigmund Romberg, 1928; I should care (3m50), Paul Weston, 1944.

Dois temas de origem jazzística são recriados em StandardArt: Big foot (7m30), de Charlie Parker, em quarteto completado pelo grande tenorista Joshua Redman; De-dah (4m15), do esquecido pianista bopper Elmo Hope (1923-1967), este com o trio básico. Há ainda na setlist uma breve composição de autoria de Tigran Hamasyan, intitulada Invasion during an operetta (2m25), interpretada em quarteto com o trompetista convidado Ambrose Akinmusire.

O pianista-líder assim comentou a escolha da temática de StandardArt: “Eu amo tanto essas composições e melodias que, para mim, são até como se fossem música do folclore armênio”.

E para se ter uma ideia desse “amor”, leia-se o que ele anotou no facebook a propósito da versão bem meditativa de All the things you are, com o trio mais o sax tenor de Mark Turner: “É uma peça muito pessoal e só costumava tocá-la em casa, pra mim mesmo e para os anjos (…) Mark tratou-a com tal delicadeza, com tanta fragilidade, que me deu a impressão de que anjos tinham começado a cantar comigo. Foi um momento especial, e sou grato para sempre a Mark, que chegara ao estúdio no último minuto”.

Ouça All the things you are:

Ouça De-dah:

O “álbum perdido” de Charles Mingus

The Lost Album from Ronnie Scott’s é o título do registro até então inédito de uma vibrante noitada do sexteto de Charles Mingus (1922-1979), em 1972, no celebrado clube de jazz londrino. A Resonance Records, especialista em raridades fonográficas, aproveitou a data do centenário do lendário baixista-compositor (22/4) para lançar uma caixa de três LPs, de tiragem limitada, contendo os sets de mais de duas horas gravados há quase meio século. No fim deste mês (30/4), as oito faixas estarão disponíveis nas lojas e plataformas virtuais.

Conforme release da Resonance, o live set, “profissionalmente gravado”, ficou inédito porque Charles Mingus e outros renomados jazzmen (com exceção de Miles Davis) foram retirados do plantel do selo Columbia em 1973. O conjunto que o baixista comandava na época incluía Charles McPherson (sax alto), Bobby Jones (sax tenor) e Jon Faddis (trompete).

(Ouça a faixa The man who never sleeps)

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