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Eleições 2022

Quando a ignorância traz prejuízos sociais

A capacidade de uma postagem afetar o debate político aumenta a necessidade de previsões ainda mais confiáveis

  • Glauco Peres
14/06/2022 05:00
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pesquisas eleitorais
Crédito: Unsplash

O autoritarismo parece sem limites nos dias de hoje, seja à direita, seja à esquerda do espectro político. Vindo acompanhado da desvalorização do saber, torna-se ainda mais grave quando utilizado como instrumento de ação política pelos detentores de poder porque se alastra e atinge parcelas maiores da população. No Brasil, um episódio recente evidencia o tamanho a que ações autoritárias, que não respeitam a existência de outros pontos de vista, podem chegar.

Comecemos pelo óbvio: empresas privadas são livres dentro dos parâmetros legais para estabelecerem acordos entre si. É importante às empresas atuantes no mercado financeiro serem capazes de estabelecer alguma previsibilidade sobre os cenários futuros. Esta capacidade é fundamental para precificarem os ativos e tomarem decisões de investimento.

O cenário político é usualmente percebido como fonte de volatilidade econômica e consequentemente cria possibilidade de lucros, mas também de perdas significativas para estas empresas e seus clientes. Anos eleitorais demandam assim atenção redobrada do mercado financeiro a respeito dos humores do mundo político. Informações sobre o comportamento dos políticos e dos eleitores se tornaram um ativo valioso, cujo preço também se altera em momentos como esse. Cria-se a oportunidade de lucro para muitos envolvidos e o mundo capitalista se organiza assim.

Essa valorização da informação pelo mundo corporativo veio acompanhada no Brasil da profissionalização cada vez maior de institutos de pesquisa. Modelos sofisticados e novas possibilidades de coleta de dados e de sua análise criaram um nicho de mercado bastante promissor. Empresas consolidadas no ramo de pesquisas de mercado agora concorrem com novos players que vêm mudando a cara deste mercado rapidamente. Há muitos atores sérios e comprometidos com a produção de informações relevantes e corretamente geradas.

Desde o escândalo envolvendo a Cambridge Analytica, aumentou o escrutínio público sobre estas empresas que lidam com informações políticas. Não só por parte de legisladores, mas também pelos próprios atores políticos que veem na circulação destas informações a possibilidade de alterar cenários de maneira decisiva – os envolvidos no Brexit que o digam. A desvalorização de institutos sérios e a promoção de institutos pouco idôneos se tornam práticas comuns que tentam criar espaços de desconfiança e de descrédito para encobrir ações condenáveis. Sob esta ótica, o capitalismo necessita de algum tipo de regulação, mesmo que seja a autorregulação, para evitar que informações falsas ganhem a mesma repercussão que as verdadeiras.

Assim, uma dimensão fundamental de quem atua neste tipo de mercado é a qualidade da informação produzida. Distinguir mensagens falsas das verdadeiras é ponto central para o bom funcionamento deste mercado. Aliada à capacidade analítica, a própria produção do dado primário é um processo tecnicamente sofisticado que envolve cuidados em detalhes que passariam despercebidos ao olhar daqueles que não dominam os meandros do trabalho. Aplicação de questionários para entrevistar cidadãos, por exemplo, não é feita sem um cuidadoso treinamento dos entrevistadores para que não induzam respostas e acabem influenciando o resultado – o que implicaria, por exemplo, em não permitir que o entrevistado leia ele próprio o questionário a ser aplicado. Em institutos sérios, todos os estágios da pesquisa são feitos com cuidado. As discussões metodológicas são extensas e envolvem diferentes áreas do saber, mobilizando pesquisadores de muitas universidades ao redor do mundo.

Neste sentido, uma pesquisa que coleta informações políticas em ano eleitoral é bastante valiosa, podendo gerar ganhos para quem a produz corretamente. Porém, ela nunca pode ser julgada pelo resultado encontrado. Ela não está correta ou errada pelos resultados que obtém, mas, sim, pelos meios empregados em todas as etapas de sua elaboração. Não compreender conceitos básicos como amostragem, viés e plano amostral impede que sejamos capazes de comentar a qualidade de uma pesquisa apenas porque o resultado não nos agrada.

Dito tudo isto, voltemo-nos ao caso específico. Na última semana, tivemos exatamente um exemplo desta situação envolvendo uma importante corretora de valores brasileira e um renomado instituto de pesquisa de opinião pública. Contratado para realizar pesquisas semanalmente, este instituto identificou junto aos eleitores um resultado que não correspondia à imagem que o atual presidente da República tem de si mesmo e que é corroborada por aqueles que o seguem: o ex-presidente Lula seria considerado mais honesto do que Bolsonaro, com 35% dos entrevistados apontando esta característica como presente no petista, enquanto 30% identificavam esta marca no atual mandatário.

Após uma postagem de um dos filhos de Bolsonaro, que nada mencionava de objetivo a respeito de qualquer etapa da elaboração da pesquisa e a condenava apenas pelo resultado, a polêmica aparentemente escapou ao mundo das redes sociais. Para além do disparate de as redes classificarem bancos e corretoras de investimento como comunistas, surgiram ameaças de clientes desta corretora de cancelamento de contas, supostamente dentre aqueles que concordam com a interpretação presidencial sobre sua idoneidade – posta em dúvida apenas em suas redes de apoiadores. A consequência imediata foi que o instituto teve a divulgação de sua pesquisa suspensa e novas informações dão conta que a periodicidade do trabalho será alterada para uma divulgação mensal.

A ignorância a respeito de como uma pesquisa é feita leva a situações como essa – em que a crítica pode ser infundada simplesmente porque a diferença de opinião entre os entrevistados está dentro da margem de erro, sugerindo que a diferença de percepção fosse inexistente e mais similar à intenção de votos. Ainda mais grave, a manifestação pública vinda de políticos que ocupam cargos eletivos atualmente tornam o ambiente político instável, e consequentemente tem impacto econômico já que afetam as decisões das empresas.

Paradoxalmente, a capacidade de uma postagem afetar o debate político aumenta a necessidade de previsões ainda mais confiáveis, aumentando o valor de mercado do trabalho dos institutos sérios como o envolvido neste caso. Vindo de familiares do presidente, cujo histórico de ações de cunho autoritário não precisa ser relembrado aqui, apenas acentua esta sua característica, além de servir a seus propósitos particulares.

Se a informação possibilita lucro é porque a ignorância traz prejuízos. Ser um político e manifestar-se publicamente a partir da insatisfação pessoal com algo do que nada se entende é condenável. Neste caso, mobiliza politicamente um trabalho sério apenas porque não se concorda com o resultado. Apesar de lamentável, certamente também não é novidade nos tempos em que vivemos.

Glauco Peres – Cientista político e economista, é professor livre-docente do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), pesquisador do CEBRAP e pesquisador associado do Centro de Estudos da Metrópole (CEM). Tem experiência na área de ciência política, com ênfase em política comparada, atuando principalmente nos temas de geografia eleitoral, eleições, partidos, institucionalismo e metodologia da ciência política

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