
O governo e o Congresso avançaram na aprovação do pacote de medidas para tentar reduzir o preço dos combustíveis. A limitação da cobrança do ICMS pelos estados passou com folga no Senado e na Câmara. Falta agora a PEC que prevê compensação federal aos estados para zerar os impostos sobre o diesel e a gasolina.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) esperava que as medidas, em conjunto, pudessem representar uma redução de até R$ 2 no valor dos combustíveis na bomba, o que seria uma vitória importante do governo. Porém, a Petrobras resolveu anunciar novo reajuste, já que tanto o dólar quanto o preço internacional do petróleo seguem em alta.
Isso quase anula o esforço concentrado feito pelo Executivo e pelo Legislativo nas últimas semanas para atenuar o peso no bolso do consumidor. E gerou uma reação dura do presidente e do Centrão, que agora discute novas soluções de curto prazo, algumas delas bastante heterodoxas.
Em paralelo, Bolsonaro segue em franco combate com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A cada semana, ele aumenta o tom contra os ministros da Corte, sobretudo o atual presidente, Edson Fachin, e Alexandre de Moraes, que assumirá o comando do tribunal em agosto. Bolsonaro relaciona ambos ao PT e tenta colocá-los sob suspeição para conduzir o processo eleitoral.
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O Centrão está se empenhando para emplacar a ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Tereza Cristina como candidata a vice na chapa de Bolsonaro. Assim, ela assumiria a vaga que hoje seria ocupada pelo general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa.
Além de preferirem uma mulher, os ministros políticos querem alguém que represente melhor o bloco de partidos que apoia o governo, em detrimento de um militar, sobretudo no momento em que uma parcela das Forças Armadas entrou em choque com o Judiciário.
E a imagem do governo no exterior, que já vinha sofrendo desgastes, ficou ainda pior com o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira durante uma expedição na Amazônia. O episódio reforçou a percepção global de que os defensores das terras indígenas e do meio ambiente estão em apuros no país.
Já na campanha de Lula, o assunto é a revisão do programa de governo apresentado pela equipe do petista. A principal preocupação é com o tratamento dado à reforma trabalhista. O texto inicial do plano falava em “revogação” da reforma, aprovada no governo de Michel Temer, mas agora a ideia do ex-presidente é suavizar esse documento, usando o termo “revisão”, evitando uma ideia de enfrentamento aos empresários.
Também ganhou força no núcleo da campanha do PT a ideia de indicar um nome com perfil político para o Ministério da Economia, caso Lula seja eleito. O entendimento do ex-presidente, que retomou suas agendas em Minas Gerais e no Nordeste após uma semana de quarentena com Covid-19, é o de que o cargo exigirá ampla interlocução com o Congresso já em 2023. Esse desenho colocaria os técnicos em posições executivas na área econômica.
As análises completas de Fabio Zambelli, analista-chefe do JOTA, sobre a semana para o governo estão disponíveis também no perfil do JOTA no Instagram (@jotaflash) às sextas-feiras.