O principal tema dessa semana foi a crise dos combustíveis. O presidente Jair Bolsonaro (PL) resolveu lançar mão de um pacote de medidas políticas para tentar se blindar do desgaste causado por mais um aumento do preço do diesel.
Bolsonaro começou demitindo o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, para mostrar uma indignação com a conduta da Petrobras. Depois, combinou com o novo titular da pasta, Adolfo Sachsida, e a equipe econômica um factoide: o início dos estudos para privatização da empresa – algo que não tem a menor chance de acontecer no curto prazo, ainda mais em um ano eleitoral. E para fechar a semana ordenou que a Advocacia Geral da União (AGU) recorresse ao Supremo para forçar um corte no ICMS, novamente tentando jogar a culpa nos governadores.
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Toda essa encenação, com efeito prático quase nulo, ocorre por uma razão simples e objetiva: o núcleo político do Planalto está constatando que a recuperação de Bolsonaro nas pesquisas está hoje “congelada”. Isso se deve, especialmente, a economia, sobretudo da inflação.
O presidente, que conseguiu melhorar seus números no início do ano, agora chegou a uma espécie de estabilidade nas intenções de voto e também na aprovação popular. O que é motivo de preocupação para seus aliados, visto que Lula (PT) parou de cair e se mantém num patamar sólido, perto dos 40 pontos.
Essa apreensão no governo também se reflete na tensão com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os militares, que entraram de vez no jogo de interesses do presidente. Até o ministro da Defesa, visto como um oficial mais independente, já atua como subordinado do presidente em defesa da sua agenda, como ficou claro nas recentes tentativas de abertura de diálogo com o Judiciário. Cada vez mais, Bolsonaro vai precisar contestar as pesquisas e colocar dúvida sobre a lisura do processo eleitoral.
Já na campanha de Lula, o principal assunto é a aproximação com o PSD, de Gilberto Kassab, que avançou nas alianças formais e informais com o PT em estados importantes, com destaque para Minas Gerais. Trata-se de um partido de centro e de grande porte, que pode fazer a diferença numa disputa muito equilibrada, como a que se desenha para o Planalto. Mas o ex-presidente tem tido dificuldades no caminho para conquistar o centro, pois voltou a afirmar que derrubará o teto de gastos, caso vença a eleição, provocando desconfiança no mercado e aumentando as incertezas sobre o seu programa econômico.
As análises completas de Fabio Zambelli, analista-chefe do JOTA, sobre a semana para o governo estão disponíveis também no perfil do JOTA no Instagram (@jotaflash) às sexta-feiras.