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Taxa Selic: entenda o que é e por que ela importa

Indicador funciona como baliza para os juros no Brasil e influencia desde empréstimos até aplicações financeiras

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Edifício-sede do Banco Central, em Brasília. Crédito: Divulgação/BC

A taxa Selic é o principal instrumento de política monetária do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC), que terá nesta semana sua última reunião de 2021. A taxa hoje está em 7,75%.

O que é a taxa Selic?

A Selic é, basicamente, a taxa de juros da economia brasileira e influencia todas as demais taxas de juros do país, como as de financiamentos, empréstimos e inclusive de remuneração de aplicações financeiras.

Além disso, ela é utilizada como mecanismo de controle da inflação, daí a importância de o BC buscar a Selic Meta nas operações diárias que dão base de cálculo da Selic.

A origem do nome vem do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, uma infraestrutura do mercado financeiro gerenciada pelo BC.

Qual é a diferença entre a taxa Selic e a Selic Meta?

A Selic é a taxa de juros média dos financiamentos diários, com prazo de um dia útil e lastreados por títulos públicos. Já a Selic Meta é estabelecida pelo Copom, e deve ser perseguida pela mesa do BC diariamente para ser atingida.

O que é o Copom?

Copom é o Comitê de Política Monetária do Banco Central. Criado em 1996, o comitê se reúne a cada 45 dias para definir se a taxa Selic aumenta, diminui ou se mantém estável. Essa dosimetria busca atingir a meta de inflação e tem como base o mapeamento das projeções para a taxa de inflação.

A reunião é dividida em dois dias: no primeiro são discutidas a conjuntura econômica e os indicadores de inflação; no segundo, a taxa de juros.

Participam da reunião do Copom o presidente do BC, os membros da diretoria colegiada e os chefes de determinados departamentos do Banco Central.

Por que a taxa Selic importa?

As decisões do Copom, notadamente a fixação da meta da taxa Selic, influenciam fatores como a disponibilidade de moeda e a oferta de crédito. Essas decisões impactam o valor de mercadorias e serviços, poder de compra e até mesmo o valor da moeda nacional.

Ao aumentar a Selic, por exemplo, o Banco Central tem como objetivo desacelerar a economia, incentivando a poupança em detrimento do consumo, e encarecendo compras a prazo, e por conseguinte controlando a inflação.

Ao reduzir a Selic, o objetivo é inverso, gerando como efeito o aquecimento da economia que decorre do aumento de inflação estimulada principalmente pelo crescimento do consumo e o barateamento de linhas de crédito.

Qual é a relação entre a taxa Selic e o CDI?

O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é o nome das operações de empréstimo entre instituições financeiras para fechar os caixas do dia em soma positiva.

O Banco Central determina que todas as instituições financeiras consideradas bancos devem fechar o dia com mais dinheiro entrando do que saindo. Para situações em que as operações do dia, entre clientes, tiver saldo negativo, os bancos fazem empréstimos entre si para cobrir a diferença.

A taxa do CDI é a taxa de juros praticada pelos bancos nessas operações diárias e servem de base para remunerar determinados investimentos conservadores como alguns CDBs, LCIs e LCAs.

O índice do CDI é calculado diariamente, e a fórmula é muito similar à da taxa Selic, de forma que o CDI geralmente fica 0,2% abaixo da Selic.

Qual é a relação entre a taca Selic e o emprego?

O nível de emprego tem, estatisticamente, sentido contrário à taxa Selic. Uma vez que a redução da taxa tem como um de seus objetivos aumentar o consumo, a tendência é de diminuição do desemprego pelo aumento de demanda gerada pelo consumo.

As empresas, produzindo mais para atender à demanda, são forçadas a contratar novos funcionários para aumentar a produção, demonstrando o efeito de causa e efeito entre a Selic e o nível de emprego.

Evidentemente que o tempo de maturação até que o mercado sinta necessidade de aumentar a produção para suprir a demanda não é instantâneo, pelo contrário, depende de outras externalidades que podem agilizar ou retardar o processo de equilíbrio dos indicadores.

Por outro lado, se a taxa Selic sobe, o consumo é desestimulado, levando as empresas a contratarem menos, precisando, portanto, de menos mão de obra na cadeia produtiva.

O desafio da macroeconomia reside em propiciar um crescimento sustentável de forma que a inflação não seja descolada do nível de geração de riqueza e o aumento da taxa Selic não gere um aumento significativo no desemprego, que pode causar efeitos adversos nas curvas de crescimento dos ciclos econômicos.