Análise

Guedes sinaliza engajamento na agenda eleitoral de Bolsonaro

Ministro reassume protagonismo em projeto de reeleição do presidente

Ministro Paulo Guedes fala ao JOTA
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“Nós jogamos na defesa nos primeiros três anos, controlando despesas. Agora vem a eleição? Nós vamos para o ataque”
Paulo Guedes, ministro da Economia

Após um período de mais discrição e conversas internas no governo, Paulo Guedes retomou as articulações para reassumir protagonismo na agenda de Jair Bolsonaro, sinalizando que pretende seguir no cargo e demonstrar utilidade ao projeto de reeleição do presidente.

Nesta segunda-feira, auxiliares do ministro correram para apagar o incêndio causado no mercado pela fala do ministro à “Folha de S.Paulo”, na qual ele sinaliza que a agenda político-eleitoral de Bolsonaro ditará a estratégia da pasta.


O “Posto Ipiranga” prometeu “ir para o ataque” com projetos de alcance social. Seriam medidas de amplo apelo político construídas dentro dos marcos fiscais vigentes, respeitando o teto.

Membros da sua equipe procuraram interlocutores na mídia e entre os agentes econômicos tentando explicar o contexto das declarações e as figuras de linguagem que teriam sido usadas pelo ministro na controversa entrevista. O objetivo era refutar a tese de que o titular da Economia teria dado sinal verde para a “gastança”, inclusive num aceno ao centrão, e detalhar as apostas da pasta para as reformas e privatizações.

Como o Risco Político do JOTA apontou em 12 de março, Guedes começou a difundir naquele instante a ideia de que um conjunto de medidas para geração de emprego e renda será preparado pelo governo, ajudando a estratégia de Bolsonaro para 2022 — numa disputa que provavelmente será travada com o ex-presidente Lula, que é visto como patrono do Bolsa Família e outras vitrines sociais.

Agora, além da estruturação do novo “Renda Brasil”, que viria em substituição ao programa lançado pelo petista, o ministro promete lançar mão de um conjunto de iniciativas que remonta ao extinto Pronatec –uma das bandeiras da segunda gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, interrompida pelo impeachment.

Trata-se de um pacote sintetizado em duas siglas — BIC (Bônus de Inclusão Produtiva) e BIQ (Bolsa de Incentivo à Qualificação). Embora os próprios técnicos do governo ainda tenham dúvidas sobre fonte de financiamento e desenho dos dois projetos, eles nascem com o propósito de repassar recursos a 2 milhões de jovens de 18 a 29 anos. Em formato de bolsas, eles receberiam um salário mínimo/hora, hoje estimado em R$ 5. Metade dos recursos viria dos cofres públicos e a outra metade, da iniciativa privada. A proposta em gestação envolveria o Sistema S na qualificação, prevendo a inserção dos beneficiados na rotina de trabalho das empresas.

Além da Economia, estão trabalhando nos ensaios representantes dos ministérios da Educação e da Cidadania.

Um dos desafios do grupo interministerial engajado nos estudos é acelerar a formatação do pacote, a fim de colocá-lo em funcionamento num prazo de 60 dias. A meta é deixá-lo maduro para funcionar assim que terminar a nova rodada de pagamentos do auxílio emergencial.

Simultaneamente, Guedes planeja avançar com o Congresso Nacional na formatação do Renda Brasil — provavelmente em debate que ganhará tração no âmbito na comissão mista do Orçamento.

Assinantes JOTA PRO receberam a análise completa do Risco Político para entender o timing político do “rompante populista” do ministro e o vaivém das variáveis da governabilidade de Bolsonaro.

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