A CPI da Covid-19 vota nesta terça-feira (26/10) o relatório final da comissão. O principal ponto de discussão é a ampliação da lista de indiciados proposta pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL). Isso será feito por meio de votos em separado apresentados pelos senadores do chamado G7, na prática, responsável pela direção da CPI.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão, ensaiou pedir a inclusão do indiciamento do ministro da Economia, Paulo Guedes, por supostamente ter dado apoio à tese da “imunização de rebanho”, mas desistiu. A inclusão de Guedes na lista de indiciados não era consenso entre a maioria dos senadores do G7, que se reuniu na noite desta segunda-feira (25/10) na residência do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Randolfe também não pediu a inclusão do ministro da Defesa, general Braga Netto, na lista. Braga Netto foi responsável pelas medidas de enfrentamento à pandemia quando estava à frente da Casa Civil. A inclusão do general encontrava resistência entre senadores como Eduardo Braga (MDB-AM) e Otto Alencar (PSD-BA).
O vice-presidente da CPI da Covid-19 pediu a inclusão na lista de indiciados de oito pessoas, dentre as quais a servidora do Ministério da Saúde Regina Célia, que foi a fiscal do contrato para a compra da vacina Covaxin, transação na qual a comissão vê “fortes indícios” de superfaturamento, corrupção e de lavagem de dinheiro, e que envolveriam o atual líder do governo Bolsonaro, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Randolfe quer também incluir entre os indiciados o coronel da reserva Hélcio Bruno, presidente do Instituto Força Brasil, que ajudou na intermediação das negociações de supostas vacinas Astrazeneca entre o Ministério da Saúde com representantes da Davatti Medical Supply.
Possíveis pedidos de indiciamento
Os outros possíveis pedidos de indiciamento no relatório da CPI por sugestão de Randolfe são: Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde; coronel Marcelo Pires, ex-assessor do Ministério da Saúde; Alex Marinho, ex-coordenador do Departamento de Logística (Delog) do Ministério da Saúde, Thiago da Costa, servidor do Ministério da Saúde; Heitor Abreu, ex-coordenador do Centro de Coordenação de Operações do Ministério da Saúde; e José Alves, presidente da Vitamedic, fabricante do medicamento ivermectina, e constantes do “kit-covid” que teve uma explosão de vendas nas farmácias.
Já o senador Eduardo Braga quer incluir entre os indiciados da CPI o atual governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e o ex-secretário de Saúde do estado Marcellus Câmpello pelo caos ocorrido em Manaus entre dezembro e janeiro quando milhares de pacientes foram a óbito por falta de oxigênio nos hospitais.
Pedidos de indiciamento
O relator apresentou seu relatório final na última quarta-feira (20/10). Nele, pede o indiciamento contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), por crimes contra a humanidade nas modalidades de extermínio, perseguição e outros atos desumanos, além de mais nove outros tipos penais.
Renan Calheiros pediu ainda o indiciamento de outras 65 pessoas, incluindo os três filhos do presidente que possuem mandato parlamentar: senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador da cidade do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Renan pediu o indiciamento dos três por divulgação de notícias falsas.
Além das pessoas físicas, o relator da CPI pediu o indiciamento contra as empresas Precisa Medicamentos e VTCLog por supostamente promover corrupção ativa na tentativa de venda do imunizante Covaxin ao governo brasileiro.
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