O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem a pior tendência de avaliação para o segundo ano de governo na comparação com outros presidentes. Os dados fazem parte do agregador de pesquisas do JOTA.
Ao contrário de presidentes como Fernando Henrique Cardoso (1996 e 2000), Luiz Inácio Lula da Silva (2004 e 2008), Dilma Rousseff e Michel Temer (2012 e agosto/2016), a curva de desaprovação (ruim e péssimo) de Jair Bolsonaro é crescente, e decrescente o percentual de aprovação (ótimo e bom).
Qual o padrão detectado em sete governos?
Enquanto FHC e Lula apresentavam inclinações positivas (ascendentes) para ótimo e bom, e negativas (descendentes) para ruim e péssimo, em seus segundos anos de governo, Dilma e Temer apresentaram, em 2016, alguma estabilidade. Importante notar que a desaprovação de Dilma Rousseff, no começo de 2016, estava acima da registrada atualmente por Bolsonaro. Aquele foi o momento pré-impeachment da ex-presidente.
Implicações
As imagens não podem ser interpretadas como um diagnóstico conclusivo, mas a inclinação das curvas produzidas com ou sem alisamento dos dados é a forma de avaliarmos a tendência de crescimento ou queda na popularidade do presidente. É claro que a atual inclinação pode mudar, ficando mais aguda ou mais plana, a depender do que ocorra com o país nos próximos dias, semanas e meses. Como diz um ditado atribuído ao físico dinamarquês ganhador do Nobel de Física em 1922, Niels Bohr: “prever é muito difícil, especialmente o futuro”.
É importante destacar que em segundos mandatos, a população já acumulou mais informações sobre o trabalho do presidente, e por isso tem melhor condição de avaliar seu desempenho, considerando um vetor mais longo de temas, como economia, saúde, transparência e educação.
Com o passar dos meses no cargo, é natural que os eleitores se tornem mais críticos em relação ao presidente, podendo alterar suas opções e reavaliar expectativas. E eventualmente usar os mecanismos eleitorais para recompensá-lo ou puni-lo.
Esse fato tende a jogar contra Bolsonaro, que ainda não chegou à metade do seu primeiro mandato. Uma piora nas taxas de aprovação no segundo e terceiro ano pode ser um sinal fundamental de suas chances de reeleição. Se essa tendência de declínio continuar, Bolsonaro poderá ser o primeiro presidente incumbente na história recente a ser derrotado se tentar a reeleição.
Em pesquisas de avaliação do governo, vale o consenso, e não o vaivém da popularidade capturado por um instituto e outro. Nesse caso, o consenso entre as pesquisas aponta que Bolsonaro tem perdido apoiadores diariamente, e em um ritmo que só perde para o observado durante o primeiro trimestre de 2019.
Agregador
O agregador JOTA é uma ferramenta exclusiva que leva em consideração mais de 500 pesquisas de opinião conduzidas no país nos últimos 32 anos, comparando 11 governos e 8 presidentes. São 116 pesquisas nacionais avaliando o governo Bolsonaro. O modelo de fusão de dados utilizado no agregador permite que pesquisas com metodologias e amostras distintas sejam agregadas para estimar a aprovação do governante mais próxima da realidade. A ferramenta interativa está disponível aqui: https://data.jota.info/aprovacao/
Segundo a versão mais recente das estimativas geradas pelo agregador de popularidade do JOTA Labs, o presidente continua com avaliação negativa em alta, estimada em 42,6% (ruim e péssimo) e avaliação positiva em baixa de 29,2%. A avaliação regular oscilou negativamente e está em 24,2%. Há uma semana ele contabilizava 41,5% de ruim/péssimo; 28,9% de bom/ótimo e 26% de avaliação regular.
Os valores apresentados acima são a mediana do modelo de agregação. Considerando os intervalos de credibilidade das estimativas, a avaliação positiva varia entre 24,5% e 32,8%. Para a avaliação negativa, o intervalo vai de 37,9% e 47,6%; e para a avaliação neutra, o intervalo vai de 19,5 % e 28,4%.