Eventos

Sem controle externo, combate à corrupção jamais será possível, diz ministro do TCU

Aroldo Cedraz falou sobre o tema na abertura da primeira edição do Controle do Futuro, que reuniu especialistas e gestores públicos

Aroldo Cedraz
Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz afirmou na abertura do Controle do Futuro, evento realizado na última semana, em Brasília, que para que a democracia subsista e continue a ser o melhor regime de governo do mundo, é importante que se tenha ações efetivas do controle em todos os aspectos da gestão pública brasileira.

“Sem o controle, não podemos ter uma visão muito clara do que será a democracia do futuro. Sem essa atividade, o combate à corrupção jamais seria possível. Eu tenho certeza que, como a água, sem controle não é possível a nossa sobrevivência e nem a sobrevivência da democracia. Nós queremos é que essa atividade não seja temida, como no passado, mas que seja respeitada”, afirmou o ministro.

Além de participar da abertura do evento, Cedraz, que foi o idealizador da iniciativa Brasil 100% Digital e promoveu o uso intensivo da inteligência artificial no TCU, também conduziu a palestra “Do digital ao metaverso – o futuro do controle” e lembrou que a tecnologia deve ser vista como uma aliada do controle externo e interno.

“Como cobrar a implantação de um governo 100% digital se ainda estivermos presos aos sistemas arcaicos da era eletrônica ou analógica, ou pior, à ditadura dos caminhos e cartórios? Então, esse é um problema que precisamos eliminar completamente da vida nacional. Cabe a cada um de nós, membros, servidores dos tribunais de contas, corregedorias ou auditorias internas, assumir a liderança nesse processo de transformação”, pontuou.

O evento contou com apresentações de casos e painéis de discussão, onde profissionais de controle, do mercado e da academia debateram e apresentaram suas diferentes percepções sobre a utilização da tecnologia, além de perspectivas futuras para as atividades de controle público e privadas.

O evento contou ainda com o debate “Cenários e Tendências para o Controle do Futuro: Perspectivas Tecnológicas e Humanas”, que teve a participação da conselheira substituta do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), Heloísa Godinho, e do presidente do Comitê Técnico de Tecnologia, Governança e Segurança da Informação dos Tribunais de Contas, conselheiro Carlos Neves, ouvidor do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE).

Durante a discussão, Neves destacou a importância da troca de ideias com setores públicos que já possuem resultados positivos dentro da área de inovação. Segundo o Conselheiro, o evento teve um propósito importante de provocar a análise sobre o futuro do controle externo, e que o processo de transformação atinge não somente o auditor, mas todo o sistema. “Não existe mais espaço para que os Tribunais atuem olhando para o passado. É preciso olhar para frente e isso não é só um compromisso da auditoria, da área técnica, mas também do corpo julgador, do Conselho, que precisa se modernizar e avançar junto”, afirmou.

Já Heloísa Godinho, conselheira substituta TCE-GO, ressaltou que os profissionais do controle precisam ressignificar o seu papel na administração pública. “Nós temos novas funções, que não são funções somente processuais. Funções relacionadas à fiscalização no qual a tecnologia está impactando pouco. Nós temos hoje funções indutoras, que são induzir governança, induzir melhorias, induzir controle social e transparência e temos, ainda, funções colaborativas. Com a quantidade de dados que a gente tem e que a gente consegue tratar e estruturar, a gente pode informar o cidadão para tomar as decisões dele”, finalizou.

Com 1.200 inscritos no formato online e mais de sete mil visualizações e interações no canal do Youtube, o evento também contou com a participação da diretora da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, Miriam Wimmer, do fundador do Laboratório de Inovação do Ministério Público do Rio De Janeiro, Daniel Lima, da secretária-geral adjunta de Administração do TCU, Fabiana Ruas, do professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hugo Tadeu e de Tadeu Barros, presidente do Centro de Liderança Pública (CLP), além de vários outros especialistas da área do controle.

Para o curador do evento, Wesley Vaz, o CDF foi idealizado com o principal objetivo de promover a reflexão entre os profissionais públicos de auditoria com o mercado, a indústria e os acadêmicos de tecnologia. “Nossa profissão é totalmente voltada para a informação e todas as profissões com essas características estão sendo impactadas pela tecnologia. É impossível não discutir a profissão de controle, sem colocar a utilização tecnológica em destaque. Controle do Futuro é uma oportunidade que a gente tem, enquanto profissional, de conectar os novos modelos de negócios de auditoria, com tecnologias que já existem e as que vêm por aí”, pontuou o curador, na abertura do evento.