Reeleita para presidir o Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann diz que Fernando Haddad é o melhor nome da sigla para a eleição em São Paulo e deixa aberta a hipótese de uma aliança com Marta Suplicy.
Em entrevista exclusiva ao JOTA, a deputada federal antecipa alguns dos pontos do programa econômico que o PT apresentará como contra-ataque à agenda do ministro Paulo Guedes.
“As medidas econômicas têm de ter foco popular, na vida do povo. O poder de consumo do povo brasileiro tem de ser o nosso grande motor de desenvolvimento”, afirma a dirigente partidária, para quem o ex-presidente Lula deve ter papel de protagonismo na disputa eleitoral de 2020. “O povo confia e gosta dele. Sabe de seu compromisso com a classe trabalhadora e com os mais pobres, imensa maioria do país”, diz Gleisi.
Leia a seguir as cinco perguntas que a petista respondeu ao JOTA.
Qual é a importância da eleição municipal de 2020 na estruturação de uma estratégia nacional de antagonismo ao governo Bolsonaro? As candidaturas próprias do PT nas capitais serão prioritárias ante a possibilidade de alianças?
Embora municipais, as eleições de 2020 terão um grande componente nacional. Não tem como discutir e propor soluções para a saúde sem falar dos cortes de recursos do SUS e o esvaziamento de políticas nacionais importantes que ajudavam os municípios, como o Mais Médicos, Farmácia Popular, reestruturação de unidades de saúde. Assim também com habitação, saneamento, calçamento de ruas.
O projeto de Bolsonaro para o país é destruir o Estado brasileiro e, com isso, o auxílio que a União dava aos municípios. Poucos têm renda própria para enfrentar os problemas apontados pela população. Vamos pautar essa discussão.
Nossa orientação é termos candidaturas próprias na maioria dos municípios brasileiros, mas também ajudar a construir alianças da esquerda onde for possível, sempre assegurando o papel e participação ativa do PT neste processo.
Qual é a meta de eleição de prefeitos? Em relação a 2016, a expectativa é crescer?
Não temos ainda uma meta estabelecida. Estamos conversando com os estados para construir essa meta. E sim, temos perspectiva de crescimento nacional. A eleição de 2016 foi muito ruim para o PT. Acreditamos que a de 2020 será bem melhor.
A eleição em SP é prioritária para o PT? Como se dará o processo de escolha do(a) candidato(a)? A ex-prefeita Marta Suplicy seria bem recebida no partido caso pretenda voltar?
Fernando Haddad é o melhor nome que temos para essa disputa, mas o papel dele hoje é nacional e ele já disse que não disputará as eleições de 2020.
Temos outros nomes com capacidade e condições, como Jilmar Tatto, Alexandre Padilha, Carlos Zarattini, Paulo Teixeira. Espero que possamos ter um acordo entre todos para unificarmos a candidatura. Caso contrário, faremos um processo prévio de escolha, uma eleição interna.
Não há liga para a refiliação de Marta ao PT. Nem da parte dela, nem do partido. Isso não impede, entretanto, que possamos participar de uma mesma coligação eleitoral, com um programa claro e definido, sobretudo de oposição e enfrentamento à extrema direita que está se implantando no Brasil.
Qual será o papel do ex-presidente Lula na campanha municipal de 2020?
Lula é o nosso grande eleitor. O povo confia e gosta dele. Sabe de seu compromisso com a classe trabalhadora e com os mais pobres, imensa maioria do país. Ele estará nas campanhas com a frequência que quiser e puder.
Quais serão os pilares da proposta alternativa que o partido apresentará à agenda econômica de Jair Bolsonaro?
A antítese do que está sendo feito. Precisamos fortalecer o Estado e seus mecanismos para desenvolver o Brasil. As medidas econômicas têm de ter foco popular, na vida do povo. Num país onde 80% das pessoas ganham até dois salários mínimos, o desafio é melhorar a renda e criar ocupações com melhores remunerações.
O poder de consumo do povo brasileiro tem de ser o nosso grande motor de desenvolvimento econômico. Políticas como valorização do salário mínimo, renegociação da dívida das famílias e progressividade tributária devem ser foco da atuação de um estado como o Brasil. Assim como a retomada do investimento público, que é o carro-chefe dos investimentos privados.