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Principal erro de lideranças é dar impressão de falsa segurança, diz pesquisadora

Verónica Calderón, da Bloomsbury Policy Grouptive, falou em webinar JOTA-Insper sobre comunicação de líderes

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Sem citar o Brasil, Calderón afirmou que mensagens como “é só uma gripe, o que posso fazer?” não ajudam em nada. Crédito: YouTube

As coletivas de imprensa do governador de Nova York, Andrew Cuomo, são realizadas com os jornalistas dispostos em cadeiras com o distanciamento recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além disso, o próprio governador se posiciona com espaço em relação aos companheiros de mesa. “Em toda entrevista ele também fala sobre saúde mental e a população mais vulnerável. Ele é humano”, destaca Verónica Osorio Calderón, co-fundadora e diretora da Bloomsbury Policy Grouptive e que participou nesta quarta-feira (13/5) de webinar promovido pelo JOTA em parceria com o Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper.

Segundo ela, a maneira como o líder se comunica é fundamental para a população aderir às medidas necessárias no combate ao coronavírus. Como exemplo, citou a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacindra Ardern. “Ela coordena uma estratégia muito boa de comunicação, baseada em quatro níveis de risco, elaborados de acordo com o que a OMS estabeleceu”, explica. “E ela está com poder na mensagem. Não importa o que diga, as pessoas acreditam, e é disso que vem a liderança esperada”, diz. “Foi estabelecido o lockdown e as pessoas por lá estão compromissadas, a população pegou para si essa narrativa. Isso é a coisa mais importante”.

Outro exemplo de êxito na comunicação vem da Alemanha, com a chanceler Angela Merkel. “Adorei o pronunciamento que fez explicando em palavras simples as taxas de transmissão”, lembra. “Ela explicou tão bem, com confiança, e fez com que as pessoas acreditassem nela. Ela não é epidemiologista, mas sabia do que estava falando”, destaca Calderón. “No discurso, mostrou números, falou de testes e da possibilidade de uma segunda onda, alertando que é preciso tomar cuidado. Usou as palavras certas e falou o que as pessoas precisavam saber”.

Para Verónica Osorio Calderón, o pior erro na comunicação de uma liderança no momento é passar a impressão falsa de segurança. “Isso acontece, por exemplo, na Venezuela, onde sabemos que o sistema de saúde é totalmente quebrado”, disse. “Vemos o presidente Maduro dizendo ‘está tudo sob controle’, e isso coloca a população em risco, porque passam a pensar que não precisam seguir as medidas de prevenção”.

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Sem citar o Brasil, afirmou que mensagens como “é só uma gripe?” ou “o que posso fazer?” não ajudam em nada. “Não é adequado termos governantes, líderes, dizendo que a pandemia é uma simples gripe”.

Sobre a postura correta dos políticos, citou que em momentos de crise as decisões precisam ser rápidas, sustentáveis, responsáveis e equitativas. Segundo ela, o gerenciamento passa por seis fases principais: proteção, prevenção, crise, resposta, recuperação, resiliência.

Em relação à equipe de gerenciamento de crise, Calderón considera essencial ter pessoas que facilitem o acesso a conhecimento e dados, com integrantes que tenham diferentes experiências, com habilidade de diálogo e compreensão, e que tenham coerência com os valores e objetivos estabelecidos.

Além de uma boa estratégia de comunicação, avalia, também é preciso ter liderança e participação da sociedade civil.

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