As notas fiscais que detalham os gastos com o cartão corporativo da Presidência da República durante a gestão de Jair Bolsonaro começaram a ser divulgadas nesta segunda-feira (23/1) pelo site “Fiquem Sabendo”, uma agência de dados independente e especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI).
Com isso, é possível saber qual produto ou serviço foi adquirido e não apenas o valor total da compra e o fornecedor. Entre os itens que aparecem nas notas do cartão corporativo do Palácio do Planalto estão formas de brigadeiro, leite condensado, picanha, bombons, camarão, materiais para festas infantis, lápis de cor, panetone, desodorantes, etc. As notas fiscais foram disponibilizadas pela agência no Google Pinpoint, uma ferramenta que permite buscas em grandes coleções de arquivos como fotos, PDFs, planilhas, etc.
Existem apenas cópias físicas das notas fiscais, por isso a equipe do “Fiquem Sabendo” precisou digitalizar os documentos. A agência informou que, até o momento, cerca de 2,6 mil páginas – 20% do total – estão disponíveis. O primeiro acesso foi apenas às notas do último mandato, mas a agência informa estar em busca dos documentos de anteriores.
“Esses gastos são especificamente da Secretaria de Administração da Presidência da República e são os únicos que são públicos nos gastos da Presidência. Tem outros gastos do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que eles não divulgam. Segundo a secretaria informou para a gente e outros veículos na semana passada, alguns gastos podem ser colocados em sigilo pelo GSI ainda que não tenha sido o próprio GSI a gastar. Digamos que o Bolsonaro ou os seguranças fizeram alguma despesa, e o GSI entendeu que pode ser sigiloso, eles podem colocar em sigilo por tempo indeterminado”, explica Luiz Fernando Toledo, do “Fiquem Sabendo”.
O site chama atenção para o fato de as notas estarem em caixas em um único lugar e que muitas delas estão praticamente apagadas e difíceis de ler.
As notas fazem parte de processos administrativos. Neles, há a justificativa sobre o gasto (compra de lanche para os seguranças do presidente em uma viagem, banquete, etc). Havia até a compra de um remédio para Bolsonaro, com receitas dadas pelo médico do ex-presidente.