Rosemeri gentilmente atendeu meu convite e veio até meu apartamento em São Paulo. Na hora marcada ela chegou, vestida sobriamente com um conjunto negro, tendo no pescoço um xale levemente colorido. Pareceu-me um pouco mais magra do que da última vez em que estivemos juntos na secretaria. Expliquei a ela o intuito do nosso contato e para que entendesse como seria a introdução do capítulo com seu nome, li as três primeiras páginas que já havia rascunhado. Ela achou engraçada a parte das alpargatas roda, que também eram do seu tempo.
Tive nítida sensação de que ela não via motivos para desconfiar de mim. Conversamos longamente e ela aproveitou para fazer um desabafo: tanto da situação de seu filho, que entende extremamente injusta, como também do RDD, que a seu ver é cruel e desumano. Antes de entramos no assunto principal da conversa, Rosemeri não conteve sua curiosidade e me perguntou:
— “Foi o Geraldo Alckmin quem criou o RDD”?
Expliquei a ela, rapidamente, os motivos e as circunstâncias da criação do regime e prometi enviar depois o texto que tenho escrito sobre isso. Esclareci que o governador Alckmin não teve participação na elaboração da resolução que criou o RDD, pois o assunto era de minha inteira responsabilidade. Ela ainda permaneceu inconformada, dizendo que não podia compreender como alguém com o meu perfil pudesse ter criado um regime tão duro.
Volto a pensar como a administração penitenciária é difícil. Definitivamente desagrada a todos: desde aqueles que querem humanizar o cumprimento da pena, até os que sustentam ainda mais endurecimento. Desagrada presos, seus parentes e familiares, ideólogos de direita e de esquerda. A prisão, enfim, não agrada a ninguém.
Iniciamos a conversa e perguntei como tem sido sua vida como mãe de um preso.
— “Em primeiro lugar, gostaria de dizer que fiquei surpresa quando o senhor quis saber da minha reação de mãe que tem um filho em uma penitenciária, porque acredito que minha família não pode ser considerada típica. O pai do meu filho é uma pessoa famosa, fato que traz em si uma série de privilégios e consequências. Além disso, meu filho é apenas acusado e as provas que apresentaram contra ele são incompletas mesmo de acordo com a promotoria; ele nunca foi julgado e já está preso há quase um ano e meio. Isso acresce ao sofrimento, ao desespero, a sensação de impotência. Depois que passou o primeiro perigo, a ideia de perigo dele ser atacado por gangs ou morto por algum grupo organizado, por que ele continuou preso? Por que ele ainda está preso? Ele foi solto em dezembro, ficou 40 dias em liberdade e foi preso de novo. Ele está cumprindo pena sem ter sido provada nenhuma culpa. Tanto as acusações não são suficientes que levou um ano de três meses para a promotora chegar à base das evidências que mostraram o envolvimento de oito policiais. Então, evidentemente, quando ela mandou prender meu filho, não tinha todas as evidências. A única coisa que ela tem são conversas em gíria pelo telefone, sem mencionar nada sobre compra ou venda de drogas. Nada a ver com nada. Mas o primeiro choque que atingiu a família inteira foi o período em que Edinho passou no Denarc. Foram 21 dias sem ver o sol, dormindo no chão, num armário. Não tinha janela, rodeado por biombos finos e policiais fazendo ameaças. O mesmo cidadão, cujo nome não vou dizer, vinha falar que estava fazendo de tudo para que meu filho pudesse voltar para casa. Em seguida ia a programas de TV de baixo nível para dizer que ele é criminoso, traficante. O mesmo homem, o mesmo homem… Ele fez isso na única vez que pude visitar meu filho. Veio falar comigo com aparente civilidade e em seguida foi à televisão para proferir ofensas. Ele só não o chamou de “santo”. Só pude visitá-lo uma única vez, escondida durante a madrugada. Também não entendo isso. No dia seguinte, vários parentes e não-parentes fizeram visitas pela porta da frente e só eu tive que entrar pela porta dos fundos, na madrugada, escondida de todos”.
— Gostaria que a senhora contasse um pouco qual foi sua reação ao tomar conhecimento da notícia da prisão.
— “Imediatamente foi desespero. Olha, eu conheço meu filho, ele praticamente foi criado só por mim. E eu conversei com ele. A educação dele fui eu que dei. Por isso sei quando ele está falando a verdade, quando responde para mim. Eu tenho confiança nele e ele tem confiança em mim. Sei que é suspeito uma mãe dizer isso, mas eu sei quando ele está dizendo a verdade. Perguntei e ele respondeu: mãe, eu não fiz nada, não comprei e nem vendi nada. Só conheci esse moço (referindo-se ao chefe da quadrilha, Naldinho) faz quatro meses, depois tem prova disso, o depoimento da pessoa que o apresentou a ele. Eu estava ajudando ele a perder peso, estava incentivando a fazer operação do estômago. Não tenho nada a ver com isso que estão me acusando. Então pra mim eu sabia que ele era inocente. Escutava pela imprensa oficiais dizendo: ele faz parte da gang; faz parte da gang; Edinho é da gang. Aquilo foi um choque terrível”.
— Na época a senhora morava no exterior?
— “Eu ainda moro no exterior. Mas eu nunca mais saí daqui e nunca mais vou sair daqui enquanto… Eu sou residente em Nova Iorque e estava apenas visitando meus familiares. Pretendia voltar em uma semana, porque era aniversário da minha outra neta que mora lá. Não vou sair daqui enquanto meu filho não estiver livre, com seu passaporte nas mãos, com sua ficha limpa, com sua liberdade restaurada”.
* * * *
A esta altura não pude deixar de pensar como a prisão altera profundamente a vida dos que estão ao redor de quem é preso. Penso também o quanto é importante a rapidez da decisão judicial. É certo que o processo, muitas vezes difícil de ser instruído, demora muito mais que o desejo dos juízes que o conduzem. No entanto, é preciso ver e sentir o lado dos que são atingidos pela demora. Enquanto não existe a palavra oficial do Estado reconhecendo a culpa ou a inocência do acusado, a revolta que essa situação provoca é muito grande. Não é à toa que a Constituição Federal determina que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória” (art. 5º LVII). Apesar disso, por longos meses, às vezes anos, as pessoas ficam sofrendo, têm que mudar de vida, de país, e ficam aguardando pacientemente a sentença judicial.
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— “A minha reação, — prosseguiu Rosemeri — meu sentimento pessoal foi… É uma coisa estranha de dizer, mas foi como um luto. Na época eu tirei tudo do meu guarda-roupa que tinha cor. Eu não conseguia usar nada com cor. Eu destruí todos os meus projetos. Eu gosto muito de tecnologia e trabalhava muito com computador, com fotografia. Eu destruí tudo… até o livro que escrevi. Para mim a vida tinha acabado ali. Perdi 8 quilos em 15 dias, sem tentar. Foi um sofrimento indescritível”.
— E a mulher e os filhos de Edinho?
— “Suas filhas são muito ligadas a ele. Hoje uma tem 7 e a outra 4 anos. São ligadíssimas a ele; de brincar todos os dias com ele, de adormecer com ele ao lado, de acordar com ele ao lado… Essas meninas sofreram demais, estão hoje transformadas, perderam a cor e emagreceram. São hoje meninas tristes, muito tristes… A esposa dele também está muito abalada. No começo, no primeiro momento, a família toda se uniu… A família nuclear, eu ele e minhas filhas, a família inteira se uniu. Minha filha veio imediatamente de Nova Iorque. A família distante também se uniu. Conforme o tempo foi passando, a frustração de cada um foi fazendo… — vou falar de mim, mas imagino que aconteceu com todos, pois todos reagiram da mesma forma – foi fazendo que todos perdessem a paciência um com o outro. Foi fazendo a gente não agüentar nada um do outro. Aquela união foi se quebrando… Todo mundo estava com tudo muito doído. Ainda está tudo muito doído. Não dá para ter nenhum contato social. É como uma ferida aberta…”
— Imagino que a senhora pensava que em alguns dias, no máximo uma semana, estaria tudo resolvido?
— “O advogado falou, quando ele foi levado preso: ele volta hoje de noite. Não voltou. Amanhã de noite ele volta. Não voltou. Assim passou uma semana e eu passei a não acreditar mais. Estava fora do seu controle. Hoje, olhando para trás, vejo como a dinâmica é interessante. No começo a gente se une e pensa que pode conseguir a liberdade rapidamente. Depois vamos vendo que não temos poder para isso. No afã de conseguir a liberdade, o tempo vai passando e a frustração crescendo. E em cima vem… vem…”
Interrompeu o relato que vinha fazendo e para descrever o que vinha depois, ela parou. Parecia estar escolhendo a palavra correta que iria usar e eu tentei ajudá-la, sugerindo: “vem a revolta”. Não era isso.
— “Não quero pôr culpa nenhuma na sua posição, mas vem a humilhação e os maus tratos que a gente recebe quando vai fazer a visita. É uma coisa que… Eu quero lhe pedir uma coisa pessoalmente, mesmo que nunca mais tenha nada a ver com penitenciárias, com prisões. Eu gostaria que alguém se dedicasse a um estudo do tratamento de visitantes nas penitenciárias”.
— Deve ser o problema das revistas íntimas, cortei sua exposição, certo de que seria isso.
— “Não é isso. A revista em si é problema só da primeira vez, porque a gente não conhece, não sabe como é, não tem idéia do que vai acontecer. É um choque. Mas a revista faz parte da precaução”.
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A resposta me surpreendeu, pela lucidez e pela compreensão de que a revista íntima é feita por rigorosa necessidade de segurança. Confesso que não esperava essa compreensão e nem essa resposta. Imaginava que o fato de ter de retirar as roupas e se submeter, perante estranhos, a uma revista fosse a coisa mais humilhante de todas. Aí é que está o equívoco: quando as pessoas fazem o que é justificável, não geram revolta. A revolta e o sentimento de humilhação vêm quando se faz algo sem necessidade, sem justificativa, pelo simples prazer de fazer o mal, de humilhar… Por isso é que Rosemeri se sentiu atingida quando o policial prometia uma coisa e em seguida ia à TV para dizer outra. É esse tipo de coisa que o ser humano não aceita: a mentira irresponsável, a maldade pela maldade. Quando uma ação envolve em si um mal, mesmo assim será compreendida se houver uma justificativa a ampará-la.
— “O difícil é a humilhação que a maioria, não todos, faz o visitante passar: a humilhação pessoal; a humilhação que é feita com um sorriso nos lábios. Eu entendo que é um jogo de poder. Eles fazem questão de mostrar que o poder está nas mãos deles. O visitante não está pedindo nada além de se avistar com a pessoa amada, mas alguns servidores fazem questão de humilhar, só para mostrar que mandam”.
Efetivamente é uma coisa para se pensar. Não só para se pensar, mas para sugerir aos futuros administradores penitenciários: a busca de uma fórmula para evitar essa humilhação camuflada, dificilmente comprovável em uma sindicância ou em um processo administrativo. Como demonstrar um sorriso sarcástico, dissimulado, maldoso, pequenos gestos, algumas palavras que podem ferir mais que uma espada afiada? Essa questão nunca me foi colocada, ao menos dessa forma, enquanto estive na secretaria. Sabia das humilhações que os visitantes passam, mas imaginava que o problema maior estivesse na revista íntima, quando, na verdade, a questão é mais grave. Há funcionários que, deliberada e maldosamente, fazem os visitantes sofrer pelo simples prazer de mostrar poder.
Não sei exatamente qual é a fórmula de se corrigir isso, mas certamente o caminho está, de novo, em recorrer ao auxílio da comunidade para vencer mais este desafio. As pessoas de fora do funcionalismo público podem ajudar a manter a neutralidade e o respeito com as visitas dos presos. Os servidores acabam, com o tempo, se contaminando com a disputa diuturna pelo espaço de poder dentro das prisões. Além disso, os interesses conflitantes em jogo acabam criando esse clima de animosidade, ficando de um lado os servidores e de outro os presos e seus parentes. É preciso que existam pessoas trabalhando nas prisões sem envolvimento no clima de conflito.
Outra providência seria fazer pesquisa, em todas as semanas após o encerramento das visitas, para ouvir dos visitantes como foi o tratamento recebido. Certamente o resultado será diferente de uma unidade para outra. Medidas corretivas poderiam ser tomadas naqueles locais onde o problema se apresenta de forma mais grave.
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Rosemeri prosseguiu em seu relato sobre o que passou após a prisão de seu filho. A reclamação voltou para o RDD:
— “Minha primeira visita depois da remoção do meu filho do Denarc se deu em Presidente Bernardes. Apesar dele ter ido lá com o argumento de que seria para sua proteção, recebeu um tratamento de criminoso de alta periculosidade. Por isso, ficou em solitária durante trinta dias, sem contato com ninguém. Isso para mim era uma contradição: ele foi para lá para proteção, mas ninguém avisou na penitenciária que meu filho não era um criminoso de alta periculosidade. O diretor não acatou esse conceito de que ele não era um criminoso de alta periculosidade”.
Tentei explicar:
— Não havia sustentação jurídica para a internação de seu filho para proteção. Logo, tive que usar, ainda que para proteção, a motivação de que, pertencendo a uma quadrilha perigosa, ele era também era perigoso…
— “Eu entendo. Eu entendo. Sou da filosofia de que, na vida, tudo o que fazemos está predeterminado, nem certo e nem errado. A gente faz porque tem que fazer. Por isso, não culpo a promotora e nem o juiz de Praia Grande, eu não ponho a culpa em ninguém. Esse é um pedaço que nós tínhamos que passar na vida. Eu não culpo, portanto, sua decisão e nem sua opção de mandar meu filho para lá, de forma alguma. Mas eu quero que o senhor compreenda minha situação: meu filho que não tinha cometido nada, foi tratado literalmente como um criminoso de alta periculosidade, tanto que nos cinco meses de sua permanência em Bernardes não tive nenhum contato físico com ele. As visitas eram feitas com uma gradinha nos separando, onde só dava para passar um dedinho no meio. Então eu só podia encostar o dedinho nele. No entanto, quando o pai dele esteve lá, a visita foi feita em uma sala. Além das coisas de fora (os aborrecimentos), ainda tinha esse tipo de coisa”.
Esse comentário me faz repensar várias coisas. A primeira é a necessidade de melhor comunicação entre a administração pública e as pessoas atingidas pelos atos dessa administração. Por falta de melhor explicação sobre as razões dos atos e por mais bem intencionados que sejam esses atos, as pessoas não os compreendem. Na verdade, as explicações, neste caso, foram dadas ao advogado que representava o Edinho. Só que, vê se agora, não chegaram ao destinatário com a fidelidade que deveriam chegar. O segundo ponto: como dar melhores explicações para milhares de presos novos que entram no sistema? São cerca de 4 a 5 mil todos os meses. A resposta é óbvia: os servidores precisam ser melhor treinados. No momento da inclusão, especialmente quando se trata de alguém que está sendo preso pela primeira vez, todos os pontos precisam ser minuciosamente explicados, à exaustão, inclusive para os familiares.
Essa providência, na verdade, tentamos introduzir, com o treinamento dos assistentes sociais e psicólogos em vários seminários e cursos. A entrevista de inclusão e o preenchimento de formulários, com minuciosa descrição do contato entre o técnico e o preso foram assuntos em que mais nos empenhamos. No entanto, o resultado foi pífio. Se nem a ex-mulher do Pelé foi suficientemente esclarecida, fico eu a pensar: e os demais?
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— Perante as pessoas de seu relacionamento, dos amigos do Edinho, a prisão gerou algum tipo de preconceito, ou a senhora sentiu mais reações de solidariedade? – perguntei.
— “Foi de total e absoluta solidariedade. Eu moro hoje no apartamento em que meu filho morava. Minha vizinhança inteira adora o Edinho. Pelo menos 10 pessoas de lá ainda têm a camisa de goleiro do Santos que o Edinho andou dando de presente. Pelo menos uma vez por semana eles usam essas camisas e fazem questão de mostrar para mim, dizendo: olha, estou usando de novo. Todos eles acreditam na inocência do meu filho. Eles pensam que deve existir algum outro motivo, alguma outra razão para a prisão. Todos, ainda que não falem, sabem que o fato dele ser filho de pessoa famosa, pode estar ajudando alguém, a gente não sabe quem. Não sei se era para pegar a gang, se é interesse de promoção pessoal; não sei se alguém teria coragem de fazer isso, mas a verdade é que ninguém duvida de sua inocência”.
—- E a situação dele hoje, no presídio de Tremembé, certamente está melhor do que em Bernardes?
—- “A diferença é da água para o vinho. Não que se trate de vinho de boa qualidade, um francês de safra, mas a diferença é enorme. O fato dele ter contato com outros seres humanos, de ter um companheiro de cela, é muito importante”.
— E a nova prisão, depois do período em que ele esteve solto?
— “Na manhã do dia em que foi preso pela primeira vez, Edinho tinha uma reunião com o presidente do Santos Futebol Clube, porque estava contratado para organizar as equipes menores. Ele ia tomar conta das equipes menores. Na segunda vez ele tinha seu primeiro dia de trabalho junto com o Luxemburgo, que é o técnico do Santos. Não pode ir, porque foi preso. A frustração foi maior ainda, porque estava começando a reconstruir sua vida”.
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Falamos ainda sobre várias outras coisas. Algumas banais e outras muito sérias. Algumas das suas revelações sobre fatos que eu já desconfiava que tivessem ocorrido, infelizmente não podem ser escritas porque não podem ser provadas. A conversa foi muito instrutiva para mim. Embora esteja lidando com presos há tantos anos e tenha mantido contato com inúmeros parentes, a cada novo dia mais vamos aprendendo. A pena de privação da liberdade precisa ser repensada pela humanidade. Tenho afirmado e reafirmado: a prisão deve ser reservada a quem efetivamente oferece risco físico para os semelhantes. Quando se trata de outro tipo de perigo, outras alternativas de punição precisam ser encontradas. Para a prisão cautelar é preciso muito mais cuidado ainda, pois é decretada sem base em culpa comprovada. Ao final do processo pode vir o reconhecimento da inocência. As dramáticas conseqüências na vida do preso e de seus familiares jamais poderão ser consertadas.
É este o registro da conversa com Rosemeri Cholbi Nascimento.
Certamente seu sofrimento não é muito diferente do sofrimento de milhares de outras mães. Certamente não é muito diferente do drama que o pai famoso está passando. Com relação a ele, eu imagino, ainda existe o problema adicional de não poder visitar o filho com a mesma liberdade dos cidadãos anônimos. Por onde vai, a presença do Rei Pelé ainda provoca alvoroço, movimenta a imprensa e gera notícias sensacionalistas. Deve ser uma situação de extraordinária angústia e sofrimento.
Para terminar, sintetizando no que consiste esse sofrimento, transcrevo a mensagem que Rosemeri me enviou respondendo o e-mail de agradecimento que lhe enviei:
“No caminho de volta pensava no que me faz ficar triste de preocupação com meu filho e cheguei a esta lista:
Quando faz frio, porque onde ele está é muito mais frio;
Quando faz calor, porque lá é muito mais quente e ele trabalha ao relento;
Quando deito na cama limpa e macia;
Quando saio de casa;
Quando faço uma refeição;
Quando penso nas minhas netas;
Quando penso nos outros netos e fatalmente os comparo;
Quando abro o chuveiro quente no inverno;
Quando entro num supermercado e vejo coisas que ele gosta;
Quando escuto uma música;
Quando vejo esportes na TV;
Quando leio nos sites oficiais que muita gente foi julgada e condenada por crime hediondo e podem aguardar os recursos em liberdade;
Quando ele diz que está agüentando;
Quando ele não fica bravo para não me preocupar;
Quando leio sobre alguma novidade eletrônica e não posso contar para ele;
Quando acaba a visita e eu tenho que sair e ele fica;
Quando abro os olhos, e
Quando fecho os olhos”.