Eleições 2022

Quais são as principais preocupações dos eleitores nas eleições 2022?

Neste pleito, corrupção deixa de ser um tema central e dá lugar à economia, inflação, desemprego, educação e saúde

preocupação dos eleitores
Eleitores / Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Relatório de termos mais buscados, divulgado pelo Google nesta sexta-feira (26/8), mostra preocupação dos brasileiros com a escola, o dólar, a saúde e o Auxílio Brasil. Já a mais recente pesquisa da Genial Quaest aponta que, para 40% dos entrevistados, o principal problema do Brasil hoje é a economia.

No âmbito econômico, os eleitores demonstraram, segundo a Quaest, preocupação com a inflação, o desemprego e a crise econômica. Nas questões sociais, a apreensão é relacionada à fome, à desigualdade e à pobreza.

Além disso, o relatório do Google demonstra preocupação com os planos de governo. A proposta mais procurada foi a de Lula, seguido pela de Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet. Os dois termos mais buscados envolvendo o nome de Lula foi “repercussão entrevista Lula” e “audiência Jornal Nacional”. Já envolvendo o nome de Bolsonaro foi “Dario Messer”, nome que estava escrito na mão do presidente durante entrevista na Globo, e “Bolsonaro imitando paciente com falta de ar”.

Para Carolina Botelho, colunista do JOTA, cientista política, professora e associada ao Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública (DOXA/Iesp/UERJ), os eleitores voltaram suas preocupações “para assuntos tradicionais, diferente do que aconteceu em 2018, quando a corrupção era uma das preocupações dos eleitores, eram interesses atípicos”, afirma.

Com relação à inflação, Pedro Forquesato, professor assistente de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), explica que a expectativa é de que ela continue alta e talvez ela até rompa a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Sobre o desemprego, o professor afirma que “a quantidade de desempregados está super alta. Além disso, o crescimento da economia projetado para esse ano é baixo, com isso, a taxa de desemprego não tende a cair, mas sim a aumentar”, observa.

A pesquisa Quaest mostra que para 53% dos entrevistados, a situação econômica influencia muito o voto para presidente. Para 11%, influencia mais ou menos e para 25%, não influencia em nada.

Forquesato ressalta que a esquerda apresenta uma proposta mais focada na geração de emprego. “Isso talvez ajude o candidato de esquerda. Dá mais ênfase na ideia de que o estado deveria intervir para diminuir a taxa de desemprego. Por outro lado, a inflação talvez seja negativa para os governos de esquerda por lembrar da crise de 2014 e das políticas econômicas má sucedidas do 1º governo Dilma”, diz.

Segundo Forquesato, o fenômeno do aumento do desemprego e da inflação é global, porém eles já aconteciam no Brasil antes da pandemia e da Guerra na Ucrânia e está mais grave que nos outros países. “Quando a economia vai mal, o incumbente é prejudicado nas eleições. Isso acontece mesmo quando não é culpa dele. Não estou falando que esse seja o caso”, diz.

Botelho afirma que o governo tenta injetar recursos públicos em ações como o Auxílio Brasil para engajar os eleitores a votar nele. Mas o efeito pode ser limitado. Para 44% dos entrevistados da Quaest, o aumento do Auxílio Brasil não faz diferença no voto para presidente. Para 24%, as chances de votar em Bolsonaro, por causa do programa social, aumentam e 28% afirmam que as chances diminuem. A pesquisa ainda revela que para 40%, o novo valor do auxílio melhora pouco a vida de sua família. E 36% dos perguntados afirmaram que melhora muito.

Para Forquesato, em épocas de bonança econômica, Bolsonaro teria mais flexibilidade para aumentar o PIB e o crescimento econômico por meio de políticas públicas. “O problema é que, com a inflação já batendo a meta e o baixo crescimento do PIB, está limitada a capacidade do governo de fazer políticas que ajudariam na eleição”, observa.

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