O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que o presidente da República Jair Bolsonaro vazou dados da estrutura interna da TI da Corte, expondo o processo eleitoral a ataques criminosos. A declaração foi dada nesta terça-feira (1/2) durante a sessão de abertura do ano Judiciário Eleitoral de 2022.
De acordo com o ministro Barroso, após o vazamento, o tribunal teve de tomar providências para reforçar a segurança do sistema. As informações haviam sido divulgadas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação. “Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro para ataques criminosos,” repreendeu o ministro.
O inquérito que investiga Bolsonaro é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, que será o presidente da Corte Eleitoral durante as eleições. Foi neste inquérito que o presidente da República se negou a prestar depoimento na última semana.
O presidente do TSE manteve a posição contundente quando abordou a operação de plataformas digitais no Brasil. Sem citar o Telegram, disse que as plataformas que queiram operar no país devem estar sujeitas à legislação nacional e às autoridades judiciais do pais. “Nenhuma mídia social pode se transformar num espaço mafioso, onde circulem pedofilia, venda de armas, de drogas, de notas falsa, ou de campanhas de ataques à democracia.”
Há meses o Judiciário brasileiro tenta, sem sucesso, contato com o Telegram para estabelecer medidas conjuntas para minar o poder de disseminação de fake news. O aplicativo de mensagens, entretanto, não possui representação no Brasil e não se mostrou inclinado a colaborar com as autoridades locais. Por isso, há risco de a Justiça banir o Telegram no Brasil.