As pesquisas regionais sobre intenção de voto mostram crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) entre alguns grupos do eleitorado, como as faixas de renda média e baixa, mulheres e em estados como Minas Gerais.
“Há movimentações importantes em algumas regiões: um empate numérico de Bolsonaro e Lula no Norte; no Sudeste apertou bastante a diferença, que os coloca quase empatados na margem de erro; no Nordeste, Bolsonaro cresceu também”, explicou Daniel Marcelino, analista de dados do JOTA e coordenador do Agregador de Pesquisas, que combina diferentes metodologias eleitorais para oferecer um resultado mais preciso. Ele dissecou o cenário no GPS Eleitoral, programa do JOTA sobre as eleições, nesta sexta-feira (12/8).
O caso mais claro dessa aproximação é o de Minas Gerais, onde a diferença entre o segundo lugar de Bolsonaro e o primeiro de Lula caiu de 25 pontos, em março, para 10 pontos, em agosto. O estado costuma ser visto como decisivo no resultado das eleições, já que não há uma clara tendência para espectro, como acontece com a preferência pelo PT nos estados do Nordeste.
Além disso, Bolsonaro conseguiu crescer entre o eleitorado feminino, fatia em que ele tem mais rejeição – em janeiro, tinha 18% do grupo, passando para 28% em agosto. Para mitigar essa distância, a campanha do presidente aposta na presença da primeira-dama Michelle Bolsonaro, principalmente para fazer interlocução com o eleitorado feminino evangélico. “Em Brasília, se ouve que ela é a ‘bomba atômica’ para obter os votos das mulheres”, afirma Bárbara Baião, analista de Congresso do JOTA.
Na análise sobre intenção de voto nas diferenças faixas de renda, Bolsonaro cresce entre os mais pobres, e Lula no patamar oposto. Na fatia que concentra cerca de metade dos eleitores, de renda menor do que dois salários mínimos, Bolsonaro cresceu 5 pontos percentuais – agora, tem 25% contra 52% de Lula.
Na faixa de dois a cinco salários mínimos, houve o maior crescimento de Bolsonaro, passando de 25% no início do ano para 33% em agosto – Lula se manteve próximo aos atuais 43% no grupo. Enquanto entre os eleitores que ganham mais de 5 salários mínimos, o presidente ainda lidera (44%), mas, nas últimas semanas, o petista se aproximou (38%).
Um elemento que ajuda a explicar o avanço de Bolsonaro nas pesquisas é a expectativa dos eleitores de melhora nas condições econômicas. Em junho, 63% dos eleitores acreditavam que os preços subiriam nos próximos três meses; em agosto, a parcela caiu para 44%, segundo números reunidos pelo Agregador.
“Esse é um ótimo sinal para o governo na tentativa de reeleição, porque é como se tivesse havido uma diminuição no índice de pessimismo”, disse Marcelino. Os mais otimistas pretendem votar em Bolsonaro: entre esses eleitores, apenas 17% creem na piora da inflação no próximo trimestre; enquanto 51% dos apoiadores de Lula enxergam dessa forma.
Outra fonte em potencial para os números é a capacidade da ala de Bolsonaro em comunicar os benefícios e transmitir percepção de melhoria do cenário. “A máquina de comunicação do governo tem sido muito eficiente. As pesquisas mostram que a população soube rápido as novidades sobre o Auxílio Brasil”, disse Marcelino.
Segundo ele, mesmo apenas com a expectativa de recebimento dos recursos a população já começa a ter um sentimento de melhora. “Esse sentimento, traduzido em números, já temos visto há um mês e meio em alguns segmentos, como das mulheres”, disse. Por conta desse crescimento, espalhado ao longo do tempo, a previsão dele é que não será um crescimento mais agudo do que o já observado. “Não vai ser um aumento a ponto de virada, pelo menos até as primeiras semanas de setembro”, avaliou Marcelino.
Por conta do avanço nas pesquisas por segmentos, há um otimismo de apoiadores de Bolsonaro de que a distribuição de auxílios e a melhora de indicadores econômicos represente um bônus à campanha dele.
“No dia da eleição, a população vai perceber que a inflação está cedendo e 18 milhões de famílias terão sido beneficiadas pelo Auxílio Brasil. Ainda é cedo para saber o impacto sobre esse público, mas mais da metade dos recursos será destinado ao Nordeste, onde a diferença entre Bolsonaro e Lula é mais evidente. A expectativa é com os efeitos eleitorais disso, para o Bolsonaro avançar”, disse o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que foi relator da PEC dos auxílios, ao GPS Eleitoral.
Ele destacou que, além dos beneficiários do Auxílio Brasil, há o aumento da população ocupada e também o público contemplado pelo vale gás. “Boa parte das famílias são lideradas por mulheres, que é onde o presidente tem mais resistência. Então essas medidas certamente produzirão efeitos”, disse. Além disso, há expectativas de crescimento nas regiões metropolitanas das capitais, onde se concentram grupos beneficiados.
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