A presidente do Podemos, deputada federal Renata Abreu (SP) disse, em entrevista ao JOTA, não ser difícil que o ex-juiz Sergio Moro chegue ao segundo turno da eleição presidencial deste ano.
As pesquisas apontam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na liderança, enquanto o presidente Jair Bolsonaro aparece em segundo lugar. Para a principal articuladora da pré-campanha de Moro, o maior desafio da terceira via é vencer a descrença.
“Não está difícil [Moro chegar ao segundo turno] porque a maioria dos eleitores não querem nem um [Lula] e nem outro [Bolsonaro]. O que precisa é as pessoas verem que tem um candidato com potencial. Se Moro crescer cinco pontos, e o Bolsonaro cair cinco pontos, eles estão em empate técnico”, analisa Abreu.
O ex-juiz assinou a ficha de filiação ao Podemos em novembro e tem participado da articulação política, embora Abreu tenha assumido a frente das negociações. A parlamentar disse que Moro não vetou diálogo com nenhuma legenda em específico. As conversas mais adiantadas para uma possível aliança são com o União Brasil. “Dentro do União Brasil [fusão entre o PSL e o DEM] tem muita gente com essa pré-disposição em estar com o Moro”, diz a deputada.
“Temos dialogado bastante com o União Brasil, mas nós conversamos nesse final de ano com vários partidos que têm candidatura e outros que não têm candidatura. Tivemos com o União, PSDB, MDB, Patriotas, PROS, Cidadania, Novo…”, conta a presidente do Podemos.
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Durante alguns meses, uma parte dessas legendas manteve conversas mensais para falar sobre a candidatura presidencial de terceira via. Os encontros foram interrompidos porque os partidos passaram a destinar mais tempo a viabilizar os próprios candidatos. Mas, segundo a presidente do Podemos, esse diálogo será retomado em breve.
Agora em janeiro, o Podemos fará uma reunião para falar dos palanques estaduais. O partido tem um conselho político, com sete integrantes, entre eles os senadores do Paraná Alvaro Dias e Oriovisto Guimarães, que avalia as construções de alianças.
Com as conversas políticas mais frequentes e o diálogo com o mercado iniciado, o objetivo do Podemos agora é colocar Moro para rodar o Brasil a partir deste mês. Dia 7 de janeiro, ele participa de agendas na Paraíba. Nas andanças pelo país, a ideia é aproximar o ex-ministro de Bolsonaro dos políticos locais e colocá-lo para falar com a imprensa local.
Apesar do começo pelo Nordeste, ela diz que “não necessariamente” o foco será a região porque há uma preocupação em consolidar a preferência por Moro entre os eleitores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Outra frente trabalhada é junto aos evangélicos – já há três encontros marcados com líderes. Além de Abreu, o ex-procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol – também recém-filiado ao Podemos e pré-candidato a deputado federal – tem ajudado no diálogo com os representantes desse grupo.
Os articuladores da candidatura de Moro estão de olho no eleitor mais conservador. Analisam que o ex-juiz é, por exemplo, a segunda opção do eleitor do presidente. “O segundo voto do Bolsonaro é do Moro. É natural que, quando ele cresce, o Bolsonaro caia. O segundo voto do Lula é o Ciro Gomes. O crescimento do Ciro geraria uma redução do Lula”, avalia Abreu. “Bolsonaro vai ficar um pouco mais desesperado”.
Lula aparece com 43% das intenções de voto, de acordo com o agregador do JOTA, o presidente tem hoje 28% e Moro, 12%.
Escolha do vice
Embora a escolha do vice ainda esteja distante, Abreu analisa qual é o perfil necessário para a chapa com Moro. “O vice sempre vem a complementar o candidato. O vice ideal seria para o Moro seria alguém com capacidade de articulação política, com alguma experiência política. Mas, antes de ver o perfil, é preciso saber que é alguém que consiga trazer uma boa aliança. Isso é o principal. Da aliança, com pesquisa, a gente vai direcionando”, afirma a deputada, salientando que o partido ainda não fez um levantamento eleitoral sobre nomes de vices.
Abreu deixou as portas abertas do partido para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, derrotado pelo governador de São Paulo, João Doria, nas prévias do PSDB para a escolha do candidato a presidente pelo partido. O nome de Leite foi um dos ventilados como possibilidade de vice. “Leite é um grande quadro, até o convidei para vir para o partido”, declara Renata, que é chamada de “chefe” por Moro: “Eu falo que sou a única chefe que trabalha então para o subordinado ser meu chefe”, brinca ela.