O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro revelou em uma live na noite desta sexta-feira (28/1) que recebia um salário de US$ 45 mil por mês na consultoria americana Alvarez & Marsal. Com o desconto dos impostos, o ex-magistrado disse que sua remuneração ficava em aproximadamente US$ 24 mil mensais.
“É normal que, com todas essas qualificações, ex-ministro da Justiça, tenha um salário bom, um salário bom para os padrões dos Estados Unidos para a função que ocupava, mas longe de ter enriquecido”, disse na live com o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). “Primeiro, não tem nada de errado no que eu fiz no passado”, completou o ex-juiz antes de revelar os valores.
Moro disse que, com a revelação, esperava estar “inaugurando uma nova era de transparência das pessoas públicas”.
O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), derrubou sigilo sobre o processo que investiga a administradora Alvarez & Marsal e o ex-juiz Sergio Moro por suspeitas de práticas ilegítimas de revolving door — quando agentes de alto escalão do Estado migram para o setor privado —, e lawfare, que seria a perseguição direcionada a investigados na Operação Lava Jato.
Com a decisão, foi exposto quanto a empresa, especializada em recuperação judicial, recebeu pelos serviços prestados como administradora judicial de todos os clientes desde 2013. No entanto, a Alvarez & Marsal (A&M) não informou quanto pagara a Moro depois que ele deixou o governo Bolsonaro e passou a prestar serviços para a empresa. Ele passou dez meses no grupo empresarial após deixar o Ministério da Justiça, em abril de 2020.
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Por conta da apuração no TCU, líderes da base do presidente Jair Bolsonaro (PL) ensaiaram articular uma CPI contra o ex-juiz com a ajuda de expoentes do MDB e do PT. Moro filiou-se ao Podemos para ser candidato à Presidência da República.
“Esse processo do TCU é um abuso, porque o TCU serve para investigar governo, administração pública e não investigar contrato entre uma pessoa privada, meu caso depois que deixei o Ministério da Justiça, e uma outra empresa privada, ainda mais um contrato feito no exterior”, disse Moro na live, salientando ainda que, em seu contrato, havia uma cláusula para não trabalhar para empresas como a Odebrecht e outras investigadas na Lava-Jato.
O procurador no processo no TCU, Júlio Marcelo, já se manifestou pelo não prosseguimento da apuração contra Moro por entender que o caso não envolve recursos públicos.