A candidatura à Presidência da República do deputado federal André Janones (Avante) entrou numa zona de incerteza. De um lado, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) cassou as candidaturas de seu partido à Câmara dos Deputados em 2018 por fraude nas candidaturas femininas no estado. Com a decisão, que ainda precisa ser confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os parlamentares eleitos, incluindo Janones, perdem seus mandatos e ainda podem ficar inelegíveis.
Por outro lado, Janones negocia com o PT a desistência de sua candidatura para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As negociações começaram na semana passada, com uma troca de afagos entre Janones e o petista nas redes sociais, resultaram em uma conversa telefônica e vão desembocar em uma reunião presencial entre os dois marcada para esta quinta-feira (4/8).
Janones já sinalizou que pode desistir de sua candidatura caso o petista abrace 100% de suas propostas, entre elas a de uma renda básica de R$ 600 permanente e o dobro do valor para mães solteiras, nos moldes do que foi a primeira etapa do Auxílio Emergencial. As famílias beneficiadas pelo programa seriam todas aquelas registradas no Cadastro Único, e não somente os antigos inscritos do Bolsa Família.
Além disso, o deputado mineiro, popular nas redes sociais — 2 milhões de seguidores no Instagram, 1,4 milhão no Youtube e 8 milhões no Facebook —, defende que o Ministério da Saúde passe a ter uma divisão voltada para tratar de saúde mental, além políticas para crianças com necessidades especiais.
O PT considera que as propostas de Janones coincidem com as do programa de Lula e já sinalizou que pode abarcá-las. Com a adesão do Avante, além de um acordo para que o Pros embarque na campanha petista, o PT espera elevar o tempo de Lula na TV. “Nenhuma nova decisão acerca da minha candidatura à presidência foi tomada até aqui. Sigo candidato e cumprindo agenda de compromissos normalmente. Qualquer mudança de direção será informada a vocês e à imprensa”, afirmou Janones por meio de seu perfil no Twitter nesta terça-feira (2/8).
Porém, mesmo que não embarque no projeto do PT, a campanha de Janones ainda precisa esperar pela decisão final do TSE sobre sua elegibilidade. De acordo com a denúncia do Ministério Público Eleitoral de Minas, o Avante fraudou a cota de candidaturas femininas ao registrar, em 2018, ao menos 16 candidaturas “fantasmas” que nem chegaram a fazer campanha.
O caso tramitava desde 2018 e o TRE-MG decidiu pela cassação dos quatro deputados federais do Avante eleitos em Minas. Além de Janones (que teve mais de 178 mil votos), os parlamentares que perderiam o mandato são Fernando Borja, Greyce Elias e Luís Tibé. O partido já anunciou que vai recorrer ao TSE.
Janones é natural de Ituiutaba, cidade mineira próxima a Uberlândia e perto da divisa com Goiás. Filho de empregada doméstica, ele trabalhava como cobrador de ônibus até conseguir uma bolsa de estudos numa universidade privada para cursar Direto. Exerceu a advocacia e ficou muito popular nas redes sociais durante a greve dos caminhoneiros de 2018, mesmo ano em que se elegeu deputado federal.