Em ano eleitoral é comum encontrar no noticiário pesquisas de intenção de voto. Além das porcentagens de cada candidato, um elemento que faz parte das análises é a margem de erro. Todas as pesquisas divulgadas pelos institutos devem trazer esse dado, já que o estudo é feito por amostragem e não traz resultados absolutos.
A margem de erro existe porque as pesquisas eleitorais não são feitas com toda a população, mas sim com uma pequena amostra que seja capaz de representar as características do eleitorado. Por isso, é preciso definir um intervalo que indique o erro amostral da análise e o valor desse intervalo é estimado com base no número de pessoas que foram entrevistadas.
“Há uma relação muito próxima da margem de erro com a quantidade de pessoas ouvidas. Em geral, quanto maior o número de pessoas ouvidas, menor tende a ser a margem de erro”, explica Daniel Marcelino, analista de dados do JOTA.
No entanto, Márcia Cavallari, CEO do Ipec, ressalta que o erro amostral sempre vai existir. “Por mais que você aumente a amostra, nunca vai ser zero”, explica. Segundo ela, a partir de um determinado número de entrevistados, não vale a pena aumentar a quantidade de pessoas, porque o ganho no valor da margem de erro será pequeno.
Nível de confiança
Um outro componente da margem de erro é o nível de confiança. Marcelino explica que nas pesquisas de opinião é muito comum utilizar o nível de confiança de 95%. Isso quer dizer que caso a pesquisa fosse repetida 100 vezes, 95 das vezes, o verdadeiro valor da população estaria dentro da margem de erro.
“Esses métodos importados da estatística funcionam. São teorias extremamente aplicáveis em diversas áreas do conhecimento. Mas é importante lembrar que quando se está lidando com opiniões e intenções de voto, você tem um elemento que é a volatilidade da opinião das pessoas”, destaca Marcelino.
A CEO do Ipec explica que é importante saber que as pesquisas não são “um oráculo” e que tem 5% de chance dos resultados ficarem fora do esperado. “O papel das pesquisas não é fazer nenhuma projeção de resultados futuros, é mais sobre entender o momento e estimar os resultados dentro daquele universo”, aponta Cavallari.
TSE e a margem de erro
Desde que a Resolução 23.364/2011 passou a ser adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os institutos de pesquisa foram obrigados a informar a margem de erro de suas pesquisas antes de irem a campo fazer as entrevistas. Segundo Marcelino, existem pontos positivos e negativos nessa regulação.
“A regra do TSE estipula que a empresa preste todas as informações a respeito da pesquisa a priori, o que não é ruim para as empresas do ponto de vista econômico e de eficiência. No entanto, do ponto de vista técnico, a margem de erro só seria divulgada ao final da pesquisa, tendo em vista uma pesquisa probabilística”, afirma o analista do JOTA.
Cavallari explica que os institutos normalmente estimam a margem de erro através da fórmula da amostra aleatória simples, que, segundo ela, é a única que permite o cálculo a priori. “É uma estimativa, mas se formos fazer o cálculo exato não vai ser uma diferença gigante do erro estimado. Não vai mudar drasticamente”, pontua.