O presidente Jair Bolsonaro (PL) rompeu o silêncio na tarde desta terça-feira (1/11) e fez seu primeiro — e breve — pronunciamento após a derrota no segundo turno das eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar de agradecer os mais 58 milhões de votos que recebeu no último domingo (30/10), ele não reconheceu expressamente a derrota nem parabenizou o petista. Coube ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), fazer um reconhecimento mais explícito ao dizer que comandará a transição até 31 de dezembro.
Bolsonaro também se pronunciou sobre os bloqueios nas rodovias feitos por bolsonaristas radicais que se negam a aceitar o resultado das eleições. Ele conferiu legitimidade a esses apoiadores ao dizer que “os atuais movimentos populares são frutos de indignação e sentimento de injustiça sobre como se deu o processo eleitoral”. O presidente não disse, contudo, quais seriam essas injustiças.
Em seguida, Bolsonaro mandou um recado àqueles que estão liderando esses bloqueios pelo país, buscando se desvincular de qualquer baderna nas estradas e criticando — ainda que sutilmente — ações violentas. “As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser o da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como a invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”.
Bolsonaro também se colocou como líder de milhões de brasileiros conservadores. “A direita surgiu de verdade no Brasil. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade”, disse ele, repetindo o lema de origem fascista que tanto usou ao longo da campanha.
“Formamos diversas lideranças no Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra”, prosseguiu o presidente, colocando-se como líder antissistema junto ao seu eleitorado.
Ele também tratou de rebater as críticas de que sua gestão é autoritária. “Sempre fui rotulado de antidemocrático. Ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em censurar a mídia e as redes sociais. Como cidadão, seguirei seguindo os mandamentos da Constituição”, discursou, antes de finalizar dizendo que seguirá defendendo a liberdade econômica, religiosa e de opinião, além das cores verde e amarela da bandeira.