Nesta segunda-feira (30/8), os dados de prestação de contas das campanhas eleitorais à Justiça Eleitoral indicavam um fato curioso: Zé Francisco (PSB), candidato a deputado federal do Pará, teria recebido mais de R$ 400 milhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).
Os números estão disponíveis em tempo real no painel Siga o Dinheiro, desenvolvido pelo JOTA com a organização Base dos Dados. A ferramenta facilita a visualização interativa de informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o financiamento e despesas de candidatos e partidos nas eleições 2022.
Os R$ 400 milhões colocariam Zé Francisco na primeira posição entre os candidatos, levando em conta todos os cargos, que mais receberam recursos públicos para a corrida eleitoral, à frente de Lula (PT) – candidato à presidência que, por ser a chapa escolhida por dez partidos, tende a ficar com a maior parte do bolo do fundo eleitoral – e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os recursos teriam sido distribuídos pelo diretório do PSB no Pará. Mas, no total, o PSB recebeu R$ 109,5 milhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha. Mesmo o PT, que ficou com a maior parte do fundo, recebeu R$ 201 milhões. Portanto, seria metade do que o candidato a deputado federal, um sindicalista paraense, teria recebido, segundo os registros no TSE.
Procurados pelo JOTA, o candidato disse não saber que o registro dele estava ligado aos recursos e o PSB corrigiu as informações prestadas em seguida – em vez de R$ 400 milhões, eram R$ 400 mil.
Com a atualização em tempo real do Siga o Dinheiro, é possível observar, imediatamente, tanto erros nas prestações de contas quanto como os candidatos e partidos estão gastando dinheiro. Também é possível saber o quanto cada um recebeu em doações de campanha. O objetivo é gerar mais transparência sobre como os recursos, principalmente públicos, estão sendo gastos pelas campanhas.
Desde que foi criado, em 2017, este será o maior orçamento do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, com cerca de R$ 4,9 bilhões para financiar todas as candidaturas de 32 partidos. Segundo a Lei das Eleições, candidatos e partidos são obrigados a disponibilizar a prestação de contas, mas os detalhes frequentemente não têm acessibilidade para público em geral.
Entenda como funciona e de onde são extraídos os dados do Siga o Dinheiro.