Em rodada especial da pesquisa Genial/Quaest, realizada entre os dias 23 e 24 de outubro para avaliar a repercussão sobre o Auxilio Brasil, programa do governo federal que substituirá o Bolsa Família a partir de 2022, aferiu-se que para 42% dos entrevistados, o governo está tomando a decisão certa ao aumentar o valor do benefício pago pelo Auxílio Brasil. Já para 44% dos entrevistados, a decisão está equivocada.
A pesquisa também mostra que 70% dos entrevistados já têm conhecimento sobre o novo benefício de R$ 400. Ou seja, a informação tanto sobre a marca do novo programa quanto o valor pago estão bem difundidos na população adulta.
Uma parcela menor, 53% dos entrevistados, afirmou estar acompanhando a discussão sobre o limite de gastos do governo, enquanto que 47% disse desconhecer até então a discussão sobre o risco fiscal criado pelo novo programa.
O objetivo do governo é pagar um valor de no mínimo R$ 400 por família a partir do próximo mês para quem já recebe o Bolsa Família.
Sem estourar o teto de gastos previstos no orçamento, o governo não teria condições de pagar este tíquete. Segundo os cálculos da área econômica, o Auxílio Brasil terá aumento de 20% em relação ao Bolsa Família.
O grau de conhecimento sobre o risco fiscal varia de acordo com a renda dos entrevistados. Entre os de menor renda, com até 2 salários mínimos e público prioritário do novo benefício, o grau de informação é menor: 55% dos entrevistados nessa faixa disseram que desconheciam a discussão envolvendo o descumprimento do teto de gastos para financiar o novo programa, enquanto 45% afirmaram saber sobre o debate.
Entre os de renda intermediária, de 2 a 5 salários mínimos, 46% responderam que desconheciam a discussão sobre os riscos fiscais, enquanto 54% disseram que já conheciam. Já entre os de renda mais alta, mais de 5 salários mínimos, enquanto 36% disseram que não conheciam a discussão em torno desse tema, 64% dos entrevistados nessa faixa afirmaram conhecer.
Perfil de quem apoia o aumento no valor do novo benefício
A pesquisa aferiu o sentimento dos eleitores em relação ao presidente Jair Bolsonaro: 37% se disseram simpáticos ao atual presidente, contra 58% que se definiram como anti-Bolsonaro. Já quando perguntados sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 39% se definiram como anti-Lula e 53% como pró-Lula.
Em um dos cruzamentos que a pesquisa traz, fica claro que o aumento do valor pago ao Auxílio Brasil é de longe mais apoiado pelos entrevistados simpáticos ao presidente do que pelos que se definiram como “anti-Bolsonaro”. Entre os pró-Bolsonaro, 59% acreditam que a decisão de aumentar o benefício para R$ 400 é correta. Esse número cai para 32% entre os anti-Bolsonaro.
Segundo o levantamento, um eventual dividendo eleitoral para Bolsonaro produzido pelo aumento do valor pago ao ‘Auxílio Brasil’ neste momento seria marginal ou até nulo. Isso pode acontecer porque para 15% dos entrevistados anti-Bolsonaro, o esforço do governo para pagar o mínimo de RS 400 aumenta as chances de votar em Bolsonaro. Por outro lado, para 16% dos entrevistados pró-Bolsonaro a decisão de aumentar o valor do benefício diminui as chances de votar no Presidente.
Sobre a pesquisa
A pesquisa foi realizada entre os dias 23 e 24 de outubro, com 1.038 entrevistados e margem de erro de 3.1 pontos percentuais. A pesquisa usou uma nova metodologia, em três estágios.
Na primeira etapa, foram sorteados 53 municípios, pelo sistema PPT (Probabilidade Proporcional ao Tamanho), com base na população acima de 16 anos.
Na segunda fase, foram sorteados setores censitários com PPT a partir do tamanho da população por setor.
Por fim, foi estabelecido um número fixo de pessoas a serem entrevistadas em cada setor, de acordo com as cotas de região, sexo, faixa etária, grau de instrução, renda familiar e população economicamente ativa.