Agregador de popularidade

Aprovação de Jair Bolsonaro fecha o ano praticamente inalterada

Com aumento de casos de Covid-19 e disputa sobre imunização, Bolsonaro manteve 36% de avaliação positiva

Aprovação Bolsonaro
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A última atualização do Agregador de Popularidade mostra que a aprovação quanto ao desempenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está praticamente paralisada. Desde novembro o percentual de brasileiros que consideram o trabalho realizado pelo presidente como ótimo/bom de um modo geral variou entre 36% e 37%. Nesta quinta-feira (16/12), a estimativa está em 36,7%, o mesmo número registrado na primeira semana de dezembro. 

Já o índice de avaliação negativa de Bolsonaro que apresentou uma pequena elevação no mês de novembro, quando passou de 32,7% para 36,5%, agora parece ter perdido tração. Hoje, 36,2% da população atribui notas ruim/péssimo ao trabalho do presidente segundo os dados do agregador. 

Confira o Índice Aprovação do Governo Bolsonaro com o Agregador de Pesquisas desenvolvido pelo JOTA

Os brasileiros que avaliam o desempenho de Bolsonaro à frente do governo como regular representam 24% da população do país. Em novembro, eram 27%. Os dados fazem parte da mais atualizada versão do agregador de popularidade do JOTA Labs, atualizado com as pesquisas divulgadas nesta semana (veja aqui mais resultados do Agregador do JOTA).

Os valores apresentados acima são baseados na mediana dos valores calculados pelo modelo de fusão de pesquisas do agregador, e que considera o tamanho da amostra, quando a pesquisa foi realizada, o modo de coleta das respostas (face-a-face, por telefone com interação humana ou gravação, e online), e por fim uma nota baseada no histórico de acertos do instituto sobre o resultado da última eleição. 

Considerando os intervalos de credibilidade calculados pelo modelo, a avaliação positiva do governo para os próximos 10 dias deve permanecer entre 33,3% e 40,6%. Já a avaliação positiva pode variar entre 32,2% e 40,1% e a avaliação neutra entre 21% e 28%.

Momento go/no-go

Na última semana, o Brasil superou a marca de 180 mil mortos pela  Covid-19 ao passo que o número de infectados se aproxima rapidamente de sete milhões de brasileiros.

Além desses números desafiadores para o governo, a aprovação de Bolsonaro depende da corrida pelas vacinas. O governo está ficando para trás na corrida das vacinas ao colocar todos os ovos numa única cesta: a vacina candidata de Oxford e AstraZeneca. Essa vacina tem vantagens, é claro: é mais barata, tem um processo de fabricação mais rápido e não exige recursos excepcionais para a distribuição. Entretanto, dias atrás a farmacêutica informou que houve problemas na condução dos testes em larga escala, o que vai impactar no prazo de conclusão dos testes e na liberação para uso comercial da vacina.

Não bastasse a falta de sorte na escolha da vacina Oxford/AstraZeneca, o presidente juntamente a seu ministro da saúde trava uma disputa com o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), sobre o protagonismo da imunização no país.

Até poucos dias, a disputa envolvia apenas a burocracia do Instituto Butantan e a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas o conflito evoluiu e agora inclui também outros poderes: o STF – Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Todos candidatos a  “solucionadores” do problema frente à opinião pública. 

Aprovação de Bolsonaro e o auxílio emergencial

Além dos desdobramentos na frente de contenção da crise sanitária, a manutenção da aprovação de Bolsonaro está relacionada ao auxílio emergencial. E existem também incertezas para sobre a continuidade do auxílio pago pelo governo federal para trabalhadores afetados pela crise. 

O governo havia proposto inicialmente o valor de R$ 200 mensais, mas, após votação no Congresso, o valor ficou estabelecido em R$ 600. Agora o valor pago está em R$ 300 mensais, mas está programado para acabar no fim deste ano

O governo ainda avalia formas de manter algum tipo de auxílio. Qualquer que seja o valor, o governo não deverá encontrar resistência no Congresso, porque agora Bolsonaro tem como aliado uma parcela relevante do bloco chamado de “Centrão” e um líder de governo experiente. Porém, o governo tem pouco tempo para apontar a origem dos recursos para pagar a continuidade do auxílio emergencial.

Por isso, a estabilidade nos números capturados pelos diferentes institutos de pesquisas e modelados pelo agregador pintam uma situação paradoxal. 

A estabilidade dos índices de aprovação e reprovação de Bolsonaro pela população ocorre num momento em que o país volta a sentir os efeitos  da grave crise sanitária e econômica. Não apenas os grandes centros urbanos estão revogando medidas de abertura, mas também em cidades menores no interior, que é também onde há maior escassez de hospitais e profissionais de saúde e a dependência da ajuda financeira do governo federal é maior.