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Sucessivas falhas e golpes alimentam desconfiança sobre segurança digital no Brasil

Para especialistas na Casa JOTA, riscos devem aumentar nos próximos anos, mas soluções estão aquém

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Crédito: Pexels

Ao mesmo tempo em que mais dados são compartilhados por redes, aumentando os riscos de vazamento de informações, vieram à tona incidentes graves de quebras de segurança envolvendo o setor público e empresas. O sinal de alerta sobre o despreparo em garantir segurança cibernética acendeu, disparando a necessidade de esforços conjuntos para fazer frente ao problema.

A questão é que as soluções não têm caminhado na mesma medida que o desenvolvimento da tecnologia impõe novas demandas. “Se já temos esse problema hoje, com novos ataques diários na casa do trilhão, podemos imaginar com a chegada do 5G e o aumento da circulação de dados decorrente. É um futuro muito mais desafiador”, afirmou Rodolfo Fücher, conselheiro da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) em evento na Casa JOTA nesta quarta-feira (29/6). O debate foi realizado pelo JOTA com o apoio da Microsoft e organização da ABES e do Information Technology Industry Council (ITI).

Além disso, atualmente, a situação é de desconfiança generalizada, diante de vazamentos de documentos, golpes envolvendo o PIX e ataques a bases do governo. Essa noção reflete os problemas enfrentados nos últimos anos e, para ser revertida, exige mais informação sobre o tema.

É o que defendem os especialistas e representantes dos setores público e privado no painel “Segurança Digital como pilar do desenvolvimento social e econômico”. “Ninguém tem mais dúvidas de que a tecnologia deve nos levar ao próximo nível de desenvolvimento, mas não vamos chegar sem confiança. Se hoje não confiarmos em fazer uma compra no e-commerce sem pensar que será fraudada ou temermos um golpe de WhatsApp, por exemplo”, opinou Ronan Damasco, diretor-executivo de tecnologia da Microsoft no Brasil.

Para Tatiana Ribeiro, diretora-executiva do Movimento Brasil Corporativo, a confiança está muito relacionada ao sucesso econômico da empresa. “Se fosse pra colocar um desafio principal para alterar esse cenário, colocaria a educação. O caminho é a integração entre o público, a academia, o setor privado, para construir mais entendimento”, disse.

Nesse sentido, entre as dificuldades apontadas para avançar em segurança digital está, justamente, a falta de articulação conjunta, que permitiria evitar a repetição de erros e responder de forma assertiva a incidentes.

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“Precisamos de espaços e plataformas de diálogo; união do conhecimento de ponta é o que ajuda a pensar no debate de mitigação conjunta”, defendeu Louise Marie Hurel, coordenadora do programa de segurança digital do Instituto Igarapé. “Podemos abrir a nossa mente para entender como podemos ter feedbacks de diferentes setores para entender o panorama de ameaças e pensar em soluções”, complementou.

A situação é especialmente preocupante para o setor público, que nem sempre conta com os meios adequados para enfrentar os incidentes graves. “O governo é o que mais trata dados, mas os gestores públicos têm poucas ferramentas. Nesse aspecto, é errado que a contratação leve em conta o preço mais barato quando se tem risco de vazamento de dados”, explicou Thiago Camargo Lopes, diretor de tecnologia da Prospectiva.

Por isso, apesar do entendimento sobre a necessidade de proteger, frequentemente não se tem sucesso em garantir a segurança – o que alimenta ainda desconfiança dos usuários. “No Brasil, temos iniciativas diferentes para impedir ataques de grupos, mas o nosso problema está sendo a governança. Sem pensar estrategicamente, teremos um problema de esforços repetitivos sem resultados”, afirmou Arthur Pereira Sabbat, diretor da Agência Nacional de Proteção de Dados Pessoais.

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