Crise sanitária

Renan Calheiros defende CPI da Covid para investigar governo na pandemia

Em webinar do JOTA nesta quarta-feira (10/3), parlamentar criticou combate à crise e postura de Jair Bolsonaro

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Senador Renan Calheiros (MDB-AL) | Crédito: Waldemir Barreto/Agência Senado

Com a discussão se aquecendo no Congresso, a abertura de uma CPI da Covid para investigar a atuação do governo no combate à pandemia é defendida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) em webinar do JOTA na manhã desta quarta-feira (10/3). Segundo o parlamentar, ele tem pedido ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para que o procedimento vá adiante.

“Precisamos fazer a CPI da Covid não com o foco de ter impeachment e derrubar governo, mas de sanear e melhorar o repasse de recursos. Se o Senado não tomar a decisão, o caminho inevitável é o STF ordenar. Mas acredito que o presidente Pacheco vai mandar instalar, para fazer uma investigação no momento em que é possível fazer”, afirmou, destacando ainda a necessidade desse tipo de apuração para avançar com o acesso do país a vacinas.

Nesse sentido, ele criticou a demora da sanção presidencial sobre o Projeto de Lei (PL) 534/21, que permite a compra de vacinas por estados e municípios, além do setor privado. Em relação à atuação federal no combate à crise econômica diante da pandemia, ele analisou que a PEC Emergencial (PEC 186/19), em discussão na Câmara, é insuficiente para contornar a situação. “Ela não veio acompanhada de corte de gastos públicos. Então, em bom português, ela não resolve. Se tiver dois meses de auxílio, já não vai dar”, disse.


“A pedido de Paulo Guedes cheguei a sugerir cortes para pagar o auxílio e garantir uma saúde fiscal melhor, mas se optou por outro encaminhamento. É possível sustentar o corte de gastos. Temos um gasto público ainda ineficiente”, completou o senador de Alagoas. Segundo ele, as reduções seriam em subsídios, gastos tributários, produtos do estímulo à cesta básica e gastos militares, entre outros.

Para conter o agravamento da crise, também se disse favorável à aprovação de privatização da Eletrobras. O tema consta na Medida Provisória (MP) 1031/21, entregue a Câmara dos Deputados em fevereiro e uma das prioridades da equipe econômica de Jair Bolsonaro. “O caminho da privatização da Eletrobras precisa ser retomado e tirados todos os obstáculos para ela. Mostrando que a privatização não é meramente para arrecadar muita coisa dá para fazer para um consenso, não só no partido”, afirmou sobre a posição da bancada dele. Ainda na pandemia, ele disse enxergar cenário favorável para a aprovação de reformas no Senado.

Em relação tanto a agenda de privatizações quanto a outras pautas econômicas, ele desaprovou a atuação do governo. “Tenho conversado bastante com o ministro Paulo Guedes e tenho procurado trabalhar. Mas sentimos nele muita dificuldade. Entendo que papel do ministro seria semelhante ao do FHC no governo do Itamar Franco no Passado, isto é, construir uma convergência e aparar arestas, para que a pauta econômica ande”, comentou.

E fez críticas à postura de Bolsonaro: “Eu tenho feito apelos ao presidente da república para que tenhamos uma relação melhor, esvaziando essa polarização que não fará bem a ninguém. Teremos dificuldade em função da crise e um orçamento para 2021 e também as grosserias do presidente da República”.

De olho nas próximas eleições, Calheiros defendeu que o MDB e outros partidos de centro lancem candidaturas próprias como forma de enfraquecer eventual polarização. Com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva novamente elegível, ele entende que a arena política deve sofrer movimentações. “O Lula mexe com o tabuleiro de partidos, porque ele tem a habilidade de ampliar esse centro e a esquerda. Não vejo saída que não lançamento de candidaturas independentes no primeiro turno, para que no segundo exista um leque maior de alianças políticas do centro”, afirmou.

Nas reviravoltas do caso do ex-presidente, disse não estar surpreso com a possibilidade de suspeição do ex-juiz Sergio Moro; segundo ele, era de conhecimento geral a parcialidade do então magistrado. “Não tinha dúvidas de que as pessoas, incluindo o Moro, seriam responsabilizadas. O Moro, que já não é mais juiz, será responsabilizado; ele cometeu crimes”.

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