WEBINAR DO JOTA

PL do teto de juros perde força, assim como texto que trata de CSLL

Aprovômetro, ferramenta preditiva do JOTA, aponta que PL do teto de juros tem 33,5% de chances de aprovação

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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) / Crédito: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

“O sistema financeiro precisa ajudar a pagar a conta”, afirmam os parlamentares favoráveis à série de projetos em tramitação no Congresso com impacto direto nos bancos. “Esse é o discurso que alimenta esses projetos”, explica a analista política do JOTA, Raquel Alves. “Não podemos nos esquecer que estamos em ano eleitoral e a classe política quer ter o que apresentar em seus redutos”, lembra Alves.

O projeto ligado ao setor financeiro que está mais perto de ser aprovado é o PL 1397/2020, que altera em caráter transitório o regime jurídico da recuperação judicial, da recuperação extrajudicial e da falência. Há 97% de chances de o projeto do deputado Hugo Leal (PSD-RJ) ser aprovado, de acordo com o Aprovômetro, ferramenta preditiva do JOTA. Os dados são atualizados semanalmente na ferramenta interativa, para pesquisa dos assinantes do serviço.

Já o PL 34/2020, que institui empréstimo compulsório a pessoas jurídicas com patrimônio líquido igual ou superior a R$ 1 bilhão, é praticamente carta fora do baralho. O Aprovômetro aponta chances de 2,1% de aprovação. “O autor, Wellington Roberto, desistiu do projeto”, diz Alves. “Foi apresentada uma série de argumentos técnicos, de que seria judicializado, que era inconstitucional, de que seria uma aprovação inócua, e ele desistiu”.

“O Aprovômetro tem mais de 65 mil proposições na sua base e o grau de acerto tem sido acima de 70%”, destaca o sócio e diretor do JOTA Labs, Fernando Mello. “Hoje o modelo do Aprovômetro identifica mais de 3 mil variáveis e elas vão se compondo”, explica.  Segundo Mello, o mais importante é observar a evolução da curva das projeções. “Na reforma da Previdência, a gente viu que sempre houve uma constância de subida. Em 24 de abril do ano passado, a ferramenta dava 73,25% de chance de aprovação e naquele mesmo dia um relatório que circulou no mercado financeiro dizia que era muito incerta a aprovação”, lembra.

O Aprovômetro passa por ajustes constantes para tornar o algoritmo mais preciso. “O Aprovômetro tem mais de 2 milhões de observações na base e consegue identificar padrões”, explica Daniel Marcelino, gerente de dados do JOTA. “Ano passado, ao lançarmos o Aprovômetro, o item mais importante era o tempo de tramitação do projeto”, diz. “Hoje, o que mais importa é se já passou nas comissões permanentes”.

As explicações foram dadas durante webinar realizado pelo JOTA nesta terça-feira (2/6) para analisar as chances de aprovação de projetos de lei que têm impacto direto no setor financeiro.

JOTA: As chances e os bastidores da CSLL, juros e outros projetos no Congresso | 02/06/2020">JOTA: As chances e os bastidores da CSLL, juros e outros projetos no Congresso | 02/06/2020">

O PL 1166/2020 – que estabelece teto de juros de 20% ao ano para todas as modalidades de crédito ofertadas por cartão de crédito e cheque especial – atualmente tem 33,5% de chances de ser aprovado. “Esse projeto vinha se mantendo com chances acima de 50% e houve essa queda para 33%”, destaca Mello. Mas o autor do PL, senador Alvaro Dias (Podemos-PR), tem se mostrado irredutível quanto à aprovação do projeto.

“O senador é uma liderança do Muda Senado, e esse é um grupo que quer mostrar serviço, aparecer, aprovar coisas que possam bater no peito e dizer ‘fui eu que aprovei”, ressalta a analista política do JOTA, Raquel Alves. O Muda Senado, formado por muitos senadores de centro, defende uma nova política e novas normas que, para o grupo, sejam mais justas. “Falo com o Alvaro Dias diariamente e ele sempre diz que não vai recuar do projeto, ele está irredutível”, destaca Alves.

No caso do PL 911/2020, que eleva para 50% a alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido, as chances de aprovação são de 40,3%, aponta o Aprovômetro. “O projeto da CSLL perdeu apoio de muitas lideranças de centro, que adotaram o discurso do governo de que essa tem que ser uma discussão incluída na reforma tributária, e não de forma isolada”, diz Alves.

Em situação diferente está o PL 675/2020, que suspende retroativamente e impede novas inscrições nos cadastros de empresas de análise e informações para decisões de crédito enquanto durar a calamidade pública da Covid-19. As chances de aprovação são de 71%. “Esse projeto é uma questão de tempo. Quando converso com os líderes eles falam que é uma questão de ajuste da pauta”, revela Alves. Na mesma linha está o PL 1328/2020, que suspende temporariamente os pagamentos das prestações de operações de créditos consignados em benefícios previdenciários. O Aprovômetro aponta chances de 61,8% de aprovação e os líderes também falam em “questão de tempo”.

A analista política do JOTA, Raquel Alves, alerta que é preciso observar com atenção de que forma serão tratadas as Medidas Provisórias ligadas à pandemia. “Essas MPs vão ganhar força na Câmara e serão um divisor de águas no ritmo das votações. Isso compromete o ritmo de votação de projetos”, diz. “A pauta do governo virou a pauta das MPs de enfrentamento à pandemia. E as pautas do Congresso continuam andando em paralelo”, explica. Segundo ela, a pauta do governo tende a se sobrepor à pauta do Congresso.

Webinars

A conversa com Raquel Alves, Fernando Mello e Daniel Marcelino faz parte da série de webinars diários que o JOTA está realizando para discutir os efeitos da pandemia na política, na economia e nas instituições. Todos os dias, tomadores de decisão e especialistas são convidados a refletir sobre algum aspecto da crise.

Entre os convidados, já participaram do webinar estão o apresentador e empresário Luciano Huck, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, o presidente do STF, Dias Toffoli, o ministro Gilmar Mendes, o ministro Luís Roberto Barroso, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), a presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Fausto Pinato (PP-SP), o economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa; além de representantes de instituições como a Frente Nacional de Prefeitos, a Confederação Nacional das Indústrias e a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho.

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