AGENDA ECONÔMICA

Para Paulo Guedes, aumento da inflação é transitório e se dissipará com reformas

Em entrevista ao JOTA nesta sexta-feira (12/3), ministro da Economia indicou novos programas contra a crise

Paulo Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes. Crédito: Edu Andrade/ME

Celebrando o que seria um Congresso verdadeiramente reformista, o ministro da Economia Paulo Guedes afirma estar de acordo com as duas diferentes propostas de reforma tributária em discussão no Congresso, que pensa em novo programa para preservar empregos e se diz otimista quanto à retomada econômica. Ele falou sobre a agenda econômica do governo em entrevista exclusiva ao JOTA nesta sexta-feira (12/3).

O ministro disse estar de acordo com as propostas de reforma tributária em discussão no Congresso, as PECs 45 e 110. “Ela tem que acontecer neste ano. A proposta era começar com o IVA, que é bom; faríamos o acoplamento com estados e municípios. Depois, faríamos a dos IPIs. A reforma que queremos conversa com as duas que estão no Congresso, mas a nossa é minimalista”, disse o ministro. Segundo ele, também é proposta da pasta reduzir o imposto de renda para pessoa jurídica e aumentar o imposto sobre dividendos. Além disso, voltou a falar sobre o imposto por transações financeiras, mas descartou uma aproximação com a antiga CPFM.

No contexto de ajustes tributários, ele afirma não considerar a possibilidade de propor aumento de impostos. “Se a economia crescer 3% ou 3,5%, vamos ver que podemos gerar até um pequeno superávit. É por isso que a gente diz que não vai aumentar impostos, porque quando o Brasil começar a crescer nosso déficit primário vai cair”, declarou, pontuando que o esperado é ver o país se desenvolver a partir do impulso da iniciativa privada.

Guedes também enfatizou a confiança de que a escalada inflacionária atravessada pelo Brasil nesse momento é passageira. Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado dos 12 meses anteriores somou 5,2%, próxima do teto oficial de 5,25%. Esse é o maior número desde janeiro de 2017.

“O aumento de preços que estamos vendo é setorial e transitório. Precisamos sinalizar que isso não vai virar um aumento generalizado e permanente”, disse, ao explicar que essa sinalização se dará por meio da autonomia do Banco Central, de reformas e privatizações. “O Brasil vai ser a maior fronteira de investimentos de 2021. À medida que as pautas vão entrando no Congresso, começamos a pensar no retorno sustentável ao desenvolvimento econômico”, completou. Devido à alta da inflação, ele admite aumento controlado de juros, se conseguir implementar a âncora fiscal planejada.

Entre as medidas de recuperação da economia diante da crise causada pela pandemia, ele atribuiu ao ministério comandado da Economia a iniciativa para criar o auxílio emergencial, mas disse que a continuidade do valor básico de R$ 600 não seria viável neste ano. “Foi um primeiro choque, mas não dá pra continuar, não é sustentável, porque isso vai aumentar a inflação, penalizando os mais pobres Desigualdade se ataca com outras politicas públicas, como o Renda Brasil”, declarou, prometendo o lançamento do programa em substituição ao Bolsa Família.

Também garantiu que há disposição para que, assim que for promulgada a PEC Emergencial, o que está previsto para segunda-feira (15/3), a nova rodada do auxílio emergencial comece a ser executada. A previsão dele é que a primeira parcela, referente ao mês de março, seja depositada no início de abril.

O ministro elogiou programas de transferência de renda de gestões anteriores e declarou ser favorável à atuação do governo nessa direção. “Nosso programa econômico tinha Renda Brasil. Queríamos transformar o Brasil. Não jogo pedra no que fizeram no passado é ótimo. Teve o Bolsa Escola no governo FHC e foi ótimo. Veio o Bolsa Família e foi um programa excelente. O que é bem feito você mantém e melhora”, disse.

Outro benefício que ele assegurou dar continuidade é o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM), executado até dezembro do ano passado. “O benefício emergencial paga a empresa para ela manter o trabalhador, enquanto não volta a economia. Esse programa foi um sucesso. Preservamos 21 milhões de empregos. Esse ano vamos pagar R$ 500 para ele continuar empregado por 11 meses, em vez do auxílio-desemprego por cinco meses. É melhor gastar menos pra manter um emprego”.

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