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Persistência de falhas na conectividade desafia inclusão digital e econômica

Leilão do 5G é nova oportunidade para o Brasil reduzir desigualdades no acesso à internet de qualidade

Programa Amazônia Conectada, do governo federal, promete tirar do papel internet com fibra ótica no leito dos rios / Crédito: Ministério da Defesa

Embora uma parcela significativa da população nacional acesse a internet, que tem abrangência nacional com as redes móveis, o Brasil ainda sofre para reduzir desigualdades sociais e regionais na qualidade da conectividade. Avançar nesse tema é relevante para fomentar a educação e a geração de renda.

A CASA JOTA realizou, nesta quinta-feira (30/9), webinar sobre os limites de conexão no Brasil e a necessidade de reduzir desequilíbrios no acesso à internet. O evento teve patrocínio da 99.

A demanda por soluções e a necessidade de pensar sobre o tema atrai empresas de diferentes setores externos às telecomunicações. Elas dependem de conexão de qualidade para propor novos serviços e avançar em tecnologia.

“Como empresa global, percebemos que o Brasil tem conectividade razoável. Em termos de tecnologia móvel, o mínimo necessário seria 4G, mas há um grande número de pessoas que depende de 3G e 2G. É preciso que a conectividade esteja entranhada para não termos excluídos digitais. A pandemia mostrou o efeito danoso dessa exclusão”, afirmou Ana Luiza Valadares, head de Políticas Públicas, Conectividade e Acesso do Facebook Brasil.

A multinacional tem uma área focada em contribuir para melhorar a conectividade. Para atingir esse objetivo, mantém contato frequente com o setor público e empresas de telecomunicações. “Temos a visão de que não adianta aperfeiçoar nossas possibilidades nos aplicativos se o usuário não tem uma conectividade real. Por isso, desenhamos nossos aplicativos para que eles sejam leves e consigam rodar em qualquer situação e condição de rede”, contou.

Além da necessidade de avançar em infraestrutura que proporcione qualidade de rede, há ainda uma lacuna em educação digital, que dificulta e inclusão: “Não basta ter redes de qualidade se os usuários não sabem as oportunidades que podem aproveitar, como meios para que possam ter informações melhores, fazer negócios, escoar sua produção”.

O leilão da rede 5G, marcado para novembro, é apontado como oportunidade para avançar em conectividade e também em inclusão, já que tem metas visando o atendimento de serviços públicos (como para educação).

“Enquanto em alguns estados há quase 100% da população conectada, em outros estados essa proporção é bem mais baixa, em torno de 70%. O edital do 5G é uma grande oportunidade para reduzir essa desigualdade. A forma como ele foi desenhado pode minimizar esses problemas”, afirmou Marcus Arrais, diretor do Departamento de Projetos de Infraestrutura do Ministério das Comunicações.

Até que essa nova estrutura saia do papel, há demandas que não podem esperar. Arrais destacou o programa do governo federal para conectar a Amazônia com fibra ótica por redes sub fluviais, isto é, nos leitos dos rios. “Os pequenos provedores são grandes parceiros para levar conexão nos locais onde os grandes operadores não têm interesse. Muitos achavam que não havia demanda na Amazônia; está se provando o contrário e com retorno econômico”, disse.

Aprimorar a qualidade do acesso tem como consequência esperada também ampliar as possibilidades econômicas e de geração de renda. “Tempo de conectividade e inclusão representam muito em renda e impacto econômico nos estados, como percebemos no nosso negócio em todas as regiões”, contou Diogo Souto Maior, diretor de Políticas Públicas da 99.

Na pandemia, aumentou o número de brasileiros que passou a usar serviços digitais (como ecommerce e bancos online, por exemplo) pela primeira vez ou com maior frequência. “A conectividade é importante para isso. A pandemia aprofundou as desigualdades sociais, mas acelerou o uso de tecnologia e adoção de alguns hábitos de consumo. Tivemos um aumento da classe C usando nossos serviços, em diferentes áreas geográficas”, disse.

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