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Ministros do STF e autoridades públicas homenageiam Luiz Orlando Carneiro

Morto aos 84 anos, jornalista foi lembrado pela qualidade do trabalho e pelo amor à música

stf Luiz Orlando Carneiro
Luiz Orlando Carneiro posa com parte dos ministros do STF da composição de 2008. Da esq. para dir. Marco Aurélio Mello, Carlos Ayres Britto, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Luiz O., Cármen Lúcia e Menezes Direito / Crédito: Gil Ferreira SCO/STF

Colegas, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e nomes que são referência da carreira jurídica do país prestaram homenagens ao jornalista Luiz Orlando Carneiro, que morreu na noite desta quarta-feira (11/1) aos 84 anos.

A presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, manifestou com pesar a perda do “excepcional jornalista” e afirmou que ele sempre será um modelo para as próximas gerações.

“Retratou o Supremo Tribunal Federal diariamente por quase três décadas, sempre com respeito à Corte e seus integrantes, levando a informação correta aos brasileiros. Em nome da Suprema Corte, registro que o jornalismo perde uma grande referência e um profissional que sempre será exemplo para as próximas gerações.”

Outros ministros do STF também se despediram do jornalista recordando da dedicação com a qual ele exercia a profissão. Gilmar Mendes, o membro mais antigo da Corte, emprestou a própria alcunha ao homenagear Luiz Orlando Carneiro:

“O decano da cobertura jornalística do Supremo Tribunal Federal foi também o inventor dessa atividade. Seu uso elegante do vernáculo, o domínio do campo jurídico e a assertividade na análise vão fazer muita falta ao jornalismo. Sua personalidade afável, o largo conhecimento humanístico e a sofisticada cultura jazzística, farão mais falta ainda ao Brasil.”

Luís Roberto Barroso lembrou que o conheceu quando o jornalista atuava na direção do Jornal do Brasil e reconheceu sua integridade e isenção. “Gentil e respeitoso, retratou a atuação do Supremo Tribunal Federal sempre comprometido com a verdade. Uma grande perda para o jornalismo, para o Supremo e para o Brasil.”

O ministro Dias Toffoli disse que acompanhava seu trabalho desde 1995, quando se mudou para Brasília. “Com seu jeito sereno e reputação profissional séria, Luiz Orlando sempre foi muito querido por todos, ministros, colegas de profissão e servidores da Corte, e deixará enormes saudades entre seus familiares e muitos amigos”.

“Manifesto meus sinceros sentimentos pela partida do grande jornalista Luiz Orlando Carneiro. Realizou a cobertura jornalística diária do Supremo Tribunal Federal por 30 anos com profissionalismo, isenção e seriedade. Perda irreparável para o jornalismo e para o Brasil, deixa um grande exemplo para a profissão,” declarou o ministro Luiz Fux.

Integrantes mais novos deixaram seus sentimentos à família e amigos e ressaltaram a qualidade de seu trabalho. André Mendonça, o último a ser indicado para a Corte, desejou que seu legado continue a “inspirar o bom jornalismo, indispensável à nossa democracia”.

Alexandre de Moraes afirmou que a “imprensa brasileira e, em especial o STF, são devedores da competência, inteligência e seriedade de Luiz Orlando Carneiro, que em 30 anos de cobertura jornalística da Corte estabeleceu um importante paradigma de atuação junto aos Tribunais”.

“Um dos jornalistas com mais tempo de profissão em Brasília, escrevia com propriedade e competência sobre as questões do direito. Deixo meus sinceros sentimentos aos amigos e familiares,” destacou o ministro Nunes Marques.

Ex-ministros do STF

Ministros aposentados do STF lembraram da mesma forma do jornalista “da estirpe de Carlos Castello Branco e de Carlos Chagas”, nas palavras de Francisco Rezek. Luiz Orlando Carneiro, segundo o ex-ministro, “teve o domínio absoluto da cobertura do Supremo durante anos sombrios e anos de bonança. Ninguém como ele se fez tanto respeitar, pelo talento, e estimar, pela fidalguia, naquela casa”.

“Eu, que advoguei no Supremo desde o primeiro ano de formado, tenho Luiz Orlando como uma lembrança de todo esse período até eu ser ministro do Supremo Tribunal Federal,” declarou Sepúlveda Pertence. “Um jornalista que acima de tudo era uma pessoa cordial e cuja morte eu lamento com essa minha saudade que se materializa nessa lembrança que eu tenho desse pioneiro na cobertura de todo este tempo de Supremo Tribunal Federal.”

Para Carlos Ayres Britto, Luiz Orlando Carneiro foi um “ser humano que sabia o que era ser… humano. Jornalista exemplar. Nome pra gente guardar com toda reverência, toda gratidão e eterna saudade”.

“Um legado de postura jornalística. Sempre elegante e respeitoso, conferindo informações obtidas. Luiz Orlando Carneiro fez-se merecedor de admiração,” disse Marco Aurélio Mello.

“Notável jornalista, sabia escrever, sabia noticiar, sabia comandar redações. E todas as suas ações com base na ética. Vai fazer falta,” afirmou o ministro aposentado Carlos Velloso.

Celso de Mello contou ter conhecido o “saudoso Jornalista (e grande conhecedor e autor de livros sobre jazz)” que “redigia suas matérias e transmitia ao seu leitor, com clareza e correção, os intrincados debates que se processavam no curso dos julgamentos do STF!”.

O ministro aposentado completou dizendo que: “Com ele, encerra-se um capítulo importante na história do jornalismo jurídico! Os grandes jornalistas, contudo, não se vão nem desaparecem, pois eternizam-se, pelo valor de seu trabalho e pelo reconhecimento de sua integridade profissional, na memória e no respeito de todos os seus colegas, amigos e leitores!!!”.

“Eu, que advoguei no Supremo desde o primeiro ano de formado, tenho Luiz Orlando como uma lembrança de todo esse período até eu ser ministro do Supremo Tribunal Federal. Um jornalista que acima de tudo era uma pessoa cordial e cuja morte eu lamento com essa minha saudade que se materializa nessa lembrança que eu tenho desse pioneiro na cobertura de todo este tempo de Supremo Tribunal Federal,” declarou o ministro do STF aposentado Sepúlveda Pertence.

Ministros do STJ

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) divulgou uma nota oficial na qual disse que Luiz Orlando Carneiro foi “foi um exemplo de dedicação, competência e seriedade profissional”, cobrindo decisões das cortes superiores em uma época em que poucos se ocupavam com a área. “Deixa uma lição de vida inspiradora para todos nós.”

A presidente da Corte, ministra Maria Thereza de Assis Moura, afirmou que “seu zelo pela técnica e pela argumentação jurídica tornavam sua cobertura diferenciada e importante para levar ao leitor a informação precisa sobre o que o STF e outros tribunais decidiam”.

“Luiz Orlando era um príncipe. Embora pequeno na estatura, era um gigante na profissão,” alogiou o ministro Luís Felipe Salomão. “[Ele] é praticamente o idealizador dessa cobertura do setorista do Poder Judiciário. Eu era um jovem juiz quando essa grande revolução do Judiciário começou. Luiz Orlando colocou luz neste campo, e ajudou a sociedade a compreender este novo fenômeno da judicialização da vida brasileira”.

Autoridades, colegas e outras homenagens

Beto Simonetti, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), disse que: “Ao longo de 64 anos de profissão, [Luiz Orlando Carneiro] prestou grande contribuição para a difusão do direito e dos valores da Constituição.”

“Profissional respeitado e admirado pelos colegas de profissão e por toda a comunidade jurídica, sempre se pautou pela elegância e cortesia no trato com suas fontes de informação e com todos os que tiveram a sorte de com ele conviver,” declarou o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Antonio Fernando de Souza, ex-procurador-geral da República, lembrou de sua personalidade “ímpar, sua conduta como cidadão e jornalista, pela retidão moral e competência profissional”, além da “cultura enciclopédica e a sua habilidade em analisar os acontecimentos e divulgá-los, com precisão e completude”.

O jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira, que fez parte do time do Jornal do Brasil na mesma época que Luiz Orlando Carneiro, lembrou que o conheceu quando ainda era estagiário. “Foi um chefe de reportagem excelente e foi também o mais preparado repórter na cobertura de política externa,” assim como um dos “maiores críticos de jazz da imprensa brasileira. Ele amava a música e se dedicava de coração”.

Segundo Mariana Oliveira, secretária de Comunicação Social do STF, era “sempre prazeroso ouvir suas histórias e lembranças — como jornalista que cobria o Itamaraty, como chefe da redação do Jornal do Brasil e depois como especialista na cobertura do Poder Judiciário. Compartilhava, ensinava — uma figura inigualável no jornalismo e no STF.”

“Craque nas notícias do Judiciário e na adoração ao jazz. Luiz O. vai fazer muita falta. Descanse em paz ao lado da saudosa Branquinha,” desejou Irineu Tamanini, ex-secretário de comunicação do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral.

Os servidores e colaboradores da Secretaria de Comunicação Social do STF também emitiram uma nota em homenagem a Luiz Orlando Carneiro:

Servidores e colaboradores da Secretaria de Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal manifestam profundo pesar e imensa tristeza pelo falecimento do jornalista Luiz Orlando Carneiro, que atuou por 30 anos reportando e retratando o trabalho da Corte – primeiro pelo Jornal do Brasil e, depois, pelo site jurídico JOTA.

De semblante tranquilo e voz serena, compartilhava experiências e conhecimento com jornalistas novatos, outros mais experimentados, ministros, servidores, sempre com elegância e paciência – generosidade que jamais será esquecida. Também formado em direito, era considerado como o decano do jornalismo jurídico em Brasília.

Aos 80 anos, o jornalista continuava acompanhando diariamente os julgamentos e decisões, trocando ideias com os colegas, buscando informações sobre processos. Apaixonado por jazz, tinha sempre dicas e sugestões de bandas ou de músicas. Também era um artista: fazia quadros retratando sua paixão pelo jazz.

Referência para o jornalismo e para a comunicação institucional, sua partida deixa uma lacuna na Suprema Corte brasileira.

Luis Henrique Borrozzino, em nome de todos os sócios do M3BS Advogados, afirmou que  “Luiz Orlando foi uma referência do jornalismo jurídico, transmitindo notícias delicadas e muitas vezes controversas de maneira clara e simples. Fará muita falta”.

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